Ao fazer uma visita histórica à China, o ex-presidente de Taiwan Ma Ying-jeou afirmou na terça-feira 28 que as pessoas de ambos os lados do Estreito são chinesas e compartilham a mesma ancestralidade.
Ma esteve no cargo de 2008 a 2016 e é o primeiro ex-chefe de Estado taiwanês a visitar a China desde que o governo derrotado da República da China fugiu para a ilha autogovernada em 1949, no final da guerra civil com o Partido Comunista.
“As pessoas de ambos os lados do Estreito de Taiwan são chinesas e ambos são descendentes dos imperadores Yan e Amarelo”, afirmou Ma.
Em chinês, Ma usou palavras que significam pessoas de etnia chinesa, em vez de se referir à sua nacionalidade. A frase “Descendentes dos Imperadores Yan e Amarelo” é uma expressão que se refere a um ancestral comum do povo chinês. No entanto, sua fala causou certo desconforto entre os taiwaneses, principalmente pela maioria da população do país, segundo pesquisas, não se identificar mais como chinesa.
“Esperamos sinceramente que os dois lados trabalhem juntos para buscar a paz, evitar a guerra e se esforçar para revitalizar a China”, disse ele. “Esta é uma responsabilidade inevitável do povo chinês em ambos os lados do Estreito, e devemos trabalhar duro”, acrescentou.
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Nesta viagem, Ma não deve se encontrar com nenhum líder do país. A última reunião entre ele e o presidente chinês, Xi Jinping, ocorreu em 2015, em Cingapura.
A visita atual ocorre em meio a tensões elevadas entre as nações, principalmente depois que Pequim usou meios políticos e militares para tentar pressionar Taiwan, uma ilha democraticamente governada, a aceitar a soberania chinesa. Nesta quarta-feira, 29, a atual presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, viaja aos Estados Unidos, no que a China vê como uma provocação deliberada.
O Partido Democrático Progressista, líder do atual governo de Taiwan, criticou a visita do ex-líder, especialmente depois que Pequim bloqueou Honduras como aliado diplomático taiwanês no domingo 26. Agora, a ilha só tem relações oficiais com 13 países.
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A visita de Ma faz parte de um aceno do principal partido de oposição de Taiwan, o Kuomintang (KMT), à China, na esperança de reduzir as tensões no Estreito. Tradicionalmente, o KMT favorece relações próximas com o gigante vizinho, porém nega ser pró-Pequim.
Diversas vezes, a presidente Tsai mostrou-se disposta a negociar com a China. Porém, suas ofertas foram rejeitadas por Xi por considerá-la separatista. A líder defende que apenas o povo de Taiwan pode decidir seu futuro.