O protocolo (nem tão) secreto para o dia da morte da rainha Elizabeth II
Com o codinome 'The London Bridge is down', plano inclui uma série de ações para o pós-morte da monarca britânica
O Palácio de Buckingham anunciou nesta quinta-feira, 8, que os médicos estão preocupados com o estado de saúde da rainha Elizabeth II. A monarca do Reino Unido, de 96 anos, está sob supervisão desde a noite de quarta-feira 7, quando cancelou abruptamente uma reunião por videochamada com membros de seu Conselho Privado.
Em meio à incerteza da situação, a Família Real tem se preparado há décadas para o plano de sucessão da rainha, que consiste em uma série de medidas para realizar a transição de maneira rápida e respeitosa.
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De acordo com o jornal britânico The Guardian, o processo envolve governos e emissoras e é chamado de “The London Bridge is down”, uma espécie de codinome para evitar repercussões maiores sobre a morte da rainha. A mesma estratégia foi utilizada em 1952 após a morte de George V, quando a notícia de sua morte foi transmitida usando o código “Hyde Park Corner”.
O plano de sucessão da monarquia começa com o médico de Elizabeth II, Huw Thomas, que será o responsável por controlar o acesso ao quarto, as visitas – provavelmente limitadas a amigos próximos e familiares – e quais informações serão tornadas públicas.
Tecnicamente, segundos após a morte da rainha, o título de monarca será transferido ao herdeiro na linha de sucessão, que no caso é seu filho, o príncipe Charles. Quando isso acontecer, ele se tornará rei e os membros reais presentes beijarão sua mão em um ato que marcará a transição de poder.
O próximo passo do processo ficará a cargo de Christopher Geidt, secretário particular da rainha e ex-diplomata que recebeu um segundo título de cavaleiro em 2014, em parte por planejar sua sucessão. Caberá a ele informar a morte de Elizabeth à primeira-ministra, Liz Truss, e ao Centro de Resposta Global do Ministério das Relações Exteriores.
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De lá, a mensagem “The London Bridge is down” será usada para alertar os 15 governos onde a rainha ainda é chefe de Estado e às outras 36 nações da Commonwealth, onde ela continua a servir como uma figura simbólica. Somente a partir deste ponto é que a mensagem se tornará pública e os veículos de comunicação espalhados pelo mundo poderão dar a notícia, além de informações sobre o funeral.
No Reino Unido, as estações de rádio já contam com uma playlist preparada para a ocasião com músicas tristes para momentos de luto, enquanto as emissoras de televisão irão parar por alguns minutos e todos os seus apresentadores utilizarão ternos e gravatas pretas.
Dentre as inúmeras possibilidades pensadas para a ocasião, as mais elaboradas foram pensadas caso ela morra em Balmoral, na Escócia, onde coincidentemente a rainha está. Em um primeiro momento, seu corpo ficará em repouso no Palácio de Holyrood, em Edimburgo. De lá, o caixão será transportado pelas ruas até a Catedral de Santo Egídio, onde viajará de trem até o Palácio de Buckingham.
No dia seguinte à morte de Elizabeth, Charles será coroado rei perante ao povo e, nos nove dias subsequentes acontecerão ainda uma série de ações como procissões, missas e cortejos, até que, por fim, o funeral aconteça. Estão planejados ainda atos surpresa, que acontecerão apenas se o novo rei permitir.
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Planejar funerais grandiosos para personalidades britânicas famosas é quase como uma tradição no Reino Unido. Foi assim com Winston Churchill, a rainha-mãe e a princesa Diana, por exemplo. No caso de Elizabeth, as primeiras reuniões datam da década de 1960 e, desde então, cerca de duas a três vezes por ano há encontros para discutir como será a partida da rainha.