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O que esperar da ida de Lula à COP27, a convite do Egito

Viagem é uma tentativa do presidente eleito de recuperar o protagonismo do Brasil frente à comunidade internacional

Por Matheus Deccache
Atualizado em 1 nov 2022, 17h11 - Publicado em 1 nov 2022, 16h24

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, confirmou nesta terça-feira, 1, a ida do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, que ocorre de 6 a 18 de novembro no Egito. O pedido foi feito pelo presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi. 

“Convido você a vir ao Egito para participar da cúpula climática global em Sharm el-Sheikh, Esperamos que o Brasil possa desempenhar um papel positivo e construtivo na cúpula”, disse Fatah al-Sissi, segundo o porta-voz presidencial na segunda-feira 31, um dia após o resultado das eleições brasileiras. 

Lula também foi convidado para acompanhar a comitiva do Brasil pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), presidente do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. O presidente em exercício, Jair Bolsonaro, não pretendia comparecer à cúpula, nem enviar um representante.

+ Lula vence e confirma uma das maiores ressurreições políticas do país

Hoffmann afirmou que Lula ainda não definiu a data em que participará da conferência. “Ele está vendo a melhor semana para ir”, explicou. A expectativa é de que o presidente eleito possa sinalizar até o início do evento o nome responsável por comandar o Ministério do Meio Ambiente.

A decisão de participar do evento corrobora o discurso feito por Lula assim que venceu as eleições, ao afirmar que “o Brasil é grande demais para ser relegado a pária no mundo” e que os líderes globais sentem falta do país tanto nos eventos internacionais quanto na cooperação bilateral ou multilateral perene. 

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Devem marcar presença na COP27 o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron.

Nesta terça-feira, antes do convite, Lula já havia dito no Twitter que passou a véspera entrando em contato com líderes internacionais, com intuito de reestabelecer laços diplomáticos.

“Ontem conversei com dezenas de chefes de estado”, disse. “Todos querem ampliar as parcerias e trabalho conjunto com o Brasil no comércio, na questão do clima e nos grandes temas globais. Estamos voltando ao mundo.”

Durante a campanha, Lula já havia afirmado que faria um giro internacional antes mesmo de assumir o cargo, para cultivar relações cordiais com outros líderes. A estratégia foi usada também na primeira vez em que foi eleito à Presidência, há 20 anos.

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“Antes da posse, eu também quero fazer viagens para países da América do Sul para restabelecer uma aliança. Para os Estados Unidos, por mais divergências que tenhamos, precisamos nos aproximar deles. Visitar a China, a União Europeia”, disse ao votar em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

A fala do petista faz referência ao isolamento vivido durante o governo de Jair Bolsonaro, que adotou uma política externa baseada em alianças ideológicas, sobretudo com o então presidente americano Donald Trump.

Bolsonaro tornou-se alvo de ativistas e defensores do meio ambiente por seu apoio a atividades madeireiras e ao garimpo, além de pouco fazer para impedir o avanço do desmatamento na Floresta Amazônica. 

+ ‘Brasil é grande demais para ser relegado a pária no mundo’, diz Lula

De acordo com levantamentos feitos ao longo de seu mandato, a extração de madeira e os incêndios florestais aumentaram vertiginosamente nos últimos quatro anos e a região começou a liberar mais carbono do que absorve, perdendo a característica de sumidouro de CO2.

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Ao decidir participar do evento, Lula tem a chance de se reaproximar dos principais líderes internacionais e tem na cúpula a oportunidade de iniciar o caminho para cumprir uma de suas principais promessas de campanha: zerar o desmatamento no Brasil até o final de seu mandato. 

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