OEA condena invasões em Brasília e critica acampamentos bolsonaristas
Organização dos Estados Americanos realizou reunião extraordinária nesta quarta-feira para debater atos antidemocráticos em Brasília
O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou nesta quarta-feira, 11, os atos antidemocráticos contra a sede dos três poderes do governo brasileiro no último domingo, após oito países formalizarem pedidos por uma reunião extraordinária da organização.
Em discurso, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, citou instrumentos e princípios democráticos para analisar e condenar ameaças antidemocráticas nas Américas.
“Quando a democracia é ameaçada, como vimos no domingo, em Brasília, todos nós devemos agir imediata e firmemente para defender a democracia, investigando, denunciando e determinando as responsabilidades dos investigados, financiadores e responsáveis intelectuais”, disse Almagro.
Em referência aos acampamentos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro montados após as eleições em frente a quartéis em várias partes do país, Almagro disse que “não é possível que um movimento fique tanto tempo sem que alguém esteja financiando”.
O secretário-geral afirmou ainda que os atos ocorridos em Brasília no domingo são parte de um cenário visto também em outros países e que há semelhanças na forma de agir entre grupos, como a disseminação de notícias falsas, manipulação de símbolos pátrios e não reconhecimento de instituições democráticas.
“Não foi só um ataque ao presidente Lula e aos poderes do Brasil. Eles estão atacando todos nós quando reagem de maneira fascista, de maneira antidemocrática contra o desenvolvimento sustentável, a luta contra a desigualdade e a pobreza”, disse.
A reunião extraordinária desta quarta-feira do Conselho Permanente, composto por um representante de cada um dos 35 países do fórum político, foi convocada após pedidos das missões de Antígua e Barbuda, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Honduras, Panamá e Uruguai.
Durante o encontro, o embaixador brasileiro na OEA, Otávio Brandelli, afirmou que os atos terroristas trouxeram perplexidade ao país e foram um ataque aos que defendem o Estado democrático de direito.
“Os lamentáveis e inescusáveis atos de violência e vandalismo perpetrados nos edifícios-sedes dos três poderes, em Brasília, constituem um desrespeito aos valores democráticos universais e não serão tolerados pelo Estado brasileiro”, afirmou, agradecendo também o apoio recebido pelo governo brasileiro de outros países.
Na segunda-feira, o Itamaraty agradeceu as manifestações de “apoio e solidariedade” da comunidade internacional após as invasões.
“O Ministério das Relações Exteriores agradece e registra as inúmeras manifestações de apoio e solidariedade da comunidade internacional, pelos mais diversos canais, diante da violência golpista registrada no dia de ontem (8/1) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília”, diz a nota.
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O documento ressalta ainda que a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “contou com a presença expressiva de mais de 60 delegações internacionais de alto nível, representou um reconhecimento à solidez das instituições democráticas brasileiras”.
“No mesmo sentido, desde ontem tem sido unânime e contundente o repúdio de países e organismos internacionais aos atos de terrorismo e vandalismo que chocaram o Brasil e o mundo”, diz a nota.
Diversos líderes e entidades estrangeiros se manifestaram com veemência após os atos terrorista de domingo. Em uma dura condenação ao “atentado à democracia e à transferência pacífica de poder”, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou que “as instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser abalada”.