Oito milhões devem apagar as luzes na Austrália devido à crise energética
Ministro da Energia do país pediu para a população de Nova Gales do Sul, onde fica Sydney, não usar energia elétrica por duas horas todas as noites
O ministro da Energia da Austrália, Chris Bowen, pediu nesta quinta-feira, 16, às famílias em Nova Gales do Sul – estado que inclui a maior cidade do país, Sydney – que apaguem suas luzes devido à crise de energia no país.
Bowen disse que a eletricidade não deve ser usada por duas horas todas as noites, a não ser que “não tenham escolha”. No entanto, ele acrescentou que estava “confiante” de que os apagões poderiam ser evitados.
Isso ocorre depois que o principal mercado atacadista de eletricidade da Austrália foi suspenso por causa de um aumento nos preços.
Bowen pediu às pessoas que vivem em Nova Gales do Sul que conservem o máximo de energia possível.
“Se você puder escolher quando ligar certos aparelhos, não os ligue das 6 às 8 [da noite]”, disse ele durante uma entrevista coletiva em Canberra.
Por que a Austrália está em crise?
A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de carvão e gás natural liquefeito, mas vem enfrentando uma crise energética desde o mês passado. Três quartos da eletricidade ainda são gerados usando carvão, e o país há muito tempo é acusado de não fazer o suficiente para reduzir suas emissões investindo em energias renováveis.
Nas últimas semanas, a Austrália sentiu o impacto das interrupções no fornecimento de carvão, suspensões em várias usinas a carvão e aumento dos preços globais da energia.
Inundações causadas por chuvas fortes no início deste ano atingiram algumas minas de carvão em Nova Gales do Sul e Queensland, enquanto problemas técnicos cortaram a produção em duas minas que abastecem a maior estação a carvão do mercado em Nova Gales do Sul.
Cerca de um quarto da capacidade de geração de eletricidade a carvão da Austrália está paralisada devido a interrupções inesperadas. Além disso, os custos de energia subiram à medida que os preços globais de carvão e gás dispararam devido às sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia.
Enquanto isso, a demanda por energia saltou em meio a uma onda de frio e com a retomada da economia da Austrália após o relaxamento das restrições da Covid-19.
Tudo isso contribuiu para elevar os preços da energia no mercado atacadista para mais de 300 dólares australianos (mais de R$ 1 mil) por megawatt-hora fixado pelo regulador do mercado, o Australian Energy Market Operator (Aemo).
No entanto, o valor ficou abaixo do custo de produção para vários geradores, que decidiram reter a capacidade. Isso fez com que, na quarta-feira 15, a Aemo tomasse a medida sem precedentes de suspender o mercado, dizendo que definiria os preços diretamente e compensaria os geradores pelo déficit.
O que vai acontecer agora?
A Aemo ainda não ofereceu um cronograma de quando reverterá a suspensão. “Vamos continuar monitorando a situação e forneceremos mais atualizações caso as condições mudem”, disse em comunicado.
Nesta quinta-feira, o maior produtor de eletricidade da Austrália, AGL Energy, disse que espera poder fornecer mais energia para empresas e consumidores nos próximos dias. Três unidades da AGL Energy estão paralisadas em sua usina a carvão em Bayswater, Nova Gales do Sul.
A AGL disse que uma das unidades deve voltar à ativa ainda na quinta-feira, enquanto outra voltará a funcionar no sábado.
Enquanto isso, o novo primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, disse que a crise será abordada em uma reunião com os primeiros-ministros estaduais.