OMS alerta que Faixa de Gaza só tem mais 24h de água
O diretor regional da Organização Mundial da Saúde, Ahmed al-Mandhari, destacou que a região está à beira de 'uma verdadeira catástrofe'
O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed al-Mandhari, alertou nesta segunda-feira, 16, que a Faixa de Gaza tem apenas 24 horas restantes de água, eletricidade e combustível. Em entrevista à agência francesa AFP, ele destacou que a região está à beira de “uma verdadeira catástrofe”, já que os cortes de energia impostos por Israel impossibilitam o funcionamento de hospitais, a dessalinização da água e a conservação de alimentos.
O representante da OMS destacou também que as “unidades de terapia intensiva, salas de cirurgia, serviços de emergência e outras alas” estão prestes a colapsar frente à superlotação e à falta de combustíveis. Na última segunda-feira, 9, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ordenou o “cerco total” contra a Faixa, impossibilitando a provisão de energia, água e combustíveis para a região. Sem matéria-prima, a única central elétrica do local encerrou as atividades na terça-feira 10.
Segundo al-Mandhari, 22 hospitais ao norte de Gaza são responsáveis por mais de 2 mil pacientes, que incluem “alguns com respiradores, alguns que necessitam de diálise regular, além de crianças, bebês e mulheres”. Ele advertiu, então, que a superlotação e a ausência de suprimentos obrigarão os médicos a “preparar certidões de óbito para os seus pacientes”.
🚨Gaza is running out of #water.
With limited💧water:
🔹Public #health crisis imminent, compounding desperate situation for civilians.
🔹Lives of 3500+ inpatients in 35 hospitals at immediate risk.@WHO calls for unobstructed access for humanitarian aid into📍Gaza. pic.twitter.com/4sSGlGEF0k
— WHO in occupied Palestinian territory (@WHOoPt) October 16, 2023
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“Eles têm que fazer a triagem dos pacientes que chegam. Eles não têm outra escolha. Há muitas pessoas, então algumas morrem lentamente”, disse, acrescentando que as condições impedem que os corpos sejam cuidados “adequadamente”.
O Ministério da Saúde palestino informou que cerca de 2.750 pessoas foram mortas e outras 9.700 ficaram feridas desde o início do confronto, em 7 de outubro, quando o grupo terrorista palestino Hamas lançou 5.000 foguetes contra Israel e invadiu o sul do país. Um levantamento da OMS estima, ainda, que a guerra levou ao deslocamento de mais de um 1 milhão de pessoas da Faixa de Gaza.
A OMS calcula que 111 instalações médicas tenham sido atingidas por bombardeios, com 12 profissionais de saúde mortos e 60 ambulâncias destruídas. O ataque e a privação de civis de bens essenciais à sobrevivência representam tanto uma violação do “direito internacional como dos princípios da humanidade”, destacou al-Mandhari.
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À procura desesperada por água potável, algumas pessoas começaram a cavar poços em áreas próximas ao mar, enquanto outras dependem da água salgada da torneira do único aquífero de Gaza, que é contaminado por esgoto e pelas águas do mar, informou a agência de notícias Reuters. Antes do confronto, mais de 2,3 milhões de pessoas habitavam a Faixa de Gaza.
Comboios de ajuda internacional aguardam na divisa com o Egito para entrar em Gaza. Eles, no entanto, não foram autorizados a ultrapassar a cidade egípcia de El Arish, a 50 quilômetros de distância da passagem fronteiriça de Rafah, única porta de entrada e saída do território palestino, que está bloqueada pelos constantes ataques aéreos de Tel Aviv.
O chefe humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, comunicou que viajará ao Oriente Médio nesta terça-feira “para tentar ajudar nas negociações”.