Onda de calor na Índia deixa quase 100 mortos
Autoridades investigam o fato de mais da metade das vítimas terem sido registradas em apenas um distrito
Uma onda de calor que varreu a Índia nos últimos dias deixou pelo menos 96 pessoas mortas, devido a condições agravadas pelas temperaturas mais altas que o normal, em dois dos estados mais populosos do país. Autoridades indianas abriram uma investigação para entender porque mais da metade das mortes foram relatadas em um único distrito.
A maioria dos óbitos foram registrados no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, e Bihar, no leste, onde os termômetros bateram os 45°C no final de semana. Atul Kumar Singh, cientista do Departamento Meteorológico da Índia (IMD), disse que as temperaturas estavam acima do normal e que “nenhum alívio é esperado nas próximas 24 horas”.
Quase todas as mortes em Uttar Pradesh ocorreram no distrito de Ballia, o que acendeu um alerta para as autoridades, já que muitas outras áreas foram igualmente atingidas pela onda de calor. O secretário da Saúde do estado, Brajesh Pathak, disse que abriu uma investigação sobre a causa da morte de “tantas pessoas”.
Alguns médicos locais disseram que as vítimas não apresentaram sintomas clássicos relacionados ao calor. Uma equipe de especialistas enviada a Ballia pelo governo do estado disse que as mortes podem ter sido causadas por outros fatores, que ainda não estão claros.
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“Essas não parecem ser mortes relacionadas a ondas de calor, porque os distritos próximos que enfrentam condições semelhantes não apresentam números de mortes semelhantes. Os sintomas iniciais eram principalmente de dor no peito, que não é o primeiro sintoma de alguém afetado por uma onda de calor”, disse AK Singh, membro da equipe de especialistas, ao canal de notícias indiano NDTV.
Singh acredita que as mortes podem sido causadas por água envenenada. Cerca de 400 pessoas foram hospitalizadas em Ballia, e a mídia local reporta que o estado decidiu fornecer leitos e médicos adicionais para ajudar a lidar com o fluxo de pacientes com febre alta, vômitos, diarreia e dificuldades respiratórias.
Os partidos de oposição criticaram o ministro-chefe, Yogi Adityanath, pela superlotação de hospitais Ballia. De acordo com a mídia local, algumas famílias tiveram que carregar seus parentes doentes para o hospital por falta de macas.
“Tantas pessoas em todo o estado perderam vidas por causa do descuido do governo estadual. Eles deveriam ter avisado as pessoas sobre a onda de calor. Nenhum hospital distrital foi construído nos últimos seis anos. Aqueles que perderam suas vidas são agricultores pobres porque não receberam comida, remédios e tratamento a tempo”, alegou Akhilesh Yadav, líder do partido Samajwadi.
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As ondas de calor na Índia são comuns em junho, quando o verão atinge intensidade máxima antes da chegada das monções. Durante esse período, o país costuma sofrer com escassez severa de água, que afeta dezenas de milhões de pessoas de sua população de 1,4 bilhão.
A mudança climática, agravada pelas atividades humanas, está provocando eventos extremos em todo o mundo, como desastres mais frequentes e mortais, ondas de calor, inundações e incêndios florestais. Em outras partes da Índia, o estado do Rajastão, normalmente desértico, foi atingido por chuvas torrenciais e deixou aldeias, estradas e trilhos de trem alagados.
Desde o início deste ano, a Índia vive uma montanha-russa climática. Em fevereiro, geralmente um mês ameno, as temperaturas atingiram os níveis mais altos desde 1901. Março foi muito mais úmido do que o normal e foi seguido por um abril também excepcionalmente frio e úmido. Por fim, maio registrou clima fresco e ameno, fora dos padrões usuais para a Índia.