A Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) informou nesta sexta-feira (23) que 545 pessoas morreram e 4.533 ficaram feridas desde o início da crise política no país, em 18 de abril. Outras 1.315 pessoas, todas “sequestradas” por grupos paramilitares, estão desaparecidas.
A repressão às primeiras manifestações, contra a reforma da Previdência, levaram aos protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega.
“O número de vítimas está incluído em um relatório preliminar sobre as consequências dos protestos cívicos na Nicarágua como um direito humano”, explicou Álvaro Leiva, secretário-executivo da organização humanitária.
O número de mortos ainda pode aumentar até a conclusão do relatório final. A quantidade de feridos, que era de 4.353, passou para 4.533, segundo a organização.
O governo da Nicarágua, no entanto, reconhece até agora 199 mortes durante a crise. As autoridades também consideram as manifestações como uma tentativa de golpe de Estado, que já teria sido derrotada.
O relatório indica ainda que 472 manifestantes antigovernamentais e 20 oficiais da Polícia Nacional foram libertados depois de gestões da ANPDH e da Igreja Católica, que atua como testemunha e mediadora de um diálogo nacional, suspenso desde julho.
A organização registrou que 47 imóveis foram destruídos por grupos paramilitares durante a crise. Outras 40 casas foram alvo de ataques e de saques por policiais e grupos armados não autorizados.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) registra até o momento 325 mortes na Nicarágua. Este órgão fez um alerta no dia 19 de outubro, junto com o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e outros 12 países do continente, sobre o aumento da repressão do regime de Ortega, com aumento no número de pessoas presas.
Organizações humanitárias locais afirmam haver pelo menos 610 presos políticos na Nicarágua, mas o governo afirma que os detidos são 273 e os qualifica como “terroristas”, “golpistas” e “delinquentes comuns”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizou o governo de Ortega por mais “de 300 mortes”, além de execuções extrajudiciais, tortura, prisões arbitrárias, entre outras acusações. O governo rejeita as acusações.
As manifestações contra o governo começaram por causa de uma reforma da previdência social, que acabou sendo cancelada. Passaram a exigir a renúncia do presidente Ortega, que está há 11 anos consecutivos no poder, e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.
(Com EFE)