Um enviado chinês às Nações Unidas alertou seus estados membros nesta sexta-feira, 23, que Pequim está pronta para uma “luta”, em meio à pressão por uma ação global contra a China por seus abusos de direitos humanos em Xinjiang.
A ameaça segue a divulgação de um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que concluiu que o governo provavelmente estava cometendo crimes contra a humanidade com seus abusos contra muçulmanos uigures em Xinjiang.
Um porta-voz do governo de Xinjiang, Xu Guixiang, está liderando uma delegação chinesa a Genebra, onde o conselho de 47 estados membros – incluindo China e Estados Unidos – se reunirá, sob pressão para tomar medidas substanciais sobre o relatório. Pequim negou veementemente as acusações e rejeitou quaisquer planos para o que chama de “interferência externa”.
“Se algumas forças da comunidade internacional – ou mesmo forças anti-China – fizerem as chamadas ‘moções relacionadas a Xinjiang’ ou as chamadas ‘resoluções’, não teremos medo”, disse Xu. “Tomaremos contramedidas e lutaremos.”
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No entanto, Xu pareceu reconhecer as críticas de alguma forma, dizendo que a situação dos direitos humanos em Xinjiang “está em processo de melhoria e fazendo mais esforços”, mas ele acrescentou que “não existe a violação massiva dos direitos humanos, conforme reivindicado pelo relatório”.
Os Estados Unidos declararam que as ações do governo chinês em Xinjiang se configuram como genocídio. O relatório das Nações Unidas é o mais recente conjunto de evidências da repressão às minorias étnicas no país, incluindo a detenção em massa de cerca de 1 milhão ou mais de indivíduos.
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Pequim alega que as instalações de detenção – das quais inicialmente negou a existência – eram centros de educação e treinamento vocacional que fecharam depois que os estudantes “se formaram”. Entre as recomendações do relatório está a identificação do paradeiro e bem-estar de todos os detidos.
Em uma conferência na semana passada, Fernand de Varennes, o relator especial das Nações Unidas para questões minoritárias, sugeriu que a credibilidade da organização internacional estava em jogo mediante seu próximo passo no relatório.
“Se você permitir que qualquer país fique impune em relação a crimes contra a humanidade em relação a minorias, isso abre a porta para potenciais genocídios”, disse Varennes.
“Temos que lembrar que as Nações Unidas nem sempre foram muito boas em prevenir o genocídio no passado. Aqui talvez tenhamos a oportunidade de fazer algo muito mais proativo. Caso contrário, vamos preparar o terreno, acho, para desdobramentos infelizes.”