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ONU: Foto de imigrantes afogados mostra fracasso de governos

Para Filippo Grandi, da Acnur, imigrantes morrem por não conseguirem a proteção a que têm direito conforme as leis internacionais

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h43 - Publicado em 26 jun 2019, 14h47

A foto de Óscar Ramírez, 25, e de sua filha Valéria afogados na beira de um rio na fronteira dos Estados Unidos com o México simboliza a incapacidade de se lidar com o desespero dos imigrantes, declarou a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta quarta-feira, 26, em clara crítica à política americana.

O alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, disse que os imigrantes mortos arriscaram suas vidas porque não conseguiram a proteção a que tinham direito conforme as leis internacionais.

“As mortes de Óscar e Valeria representam um fracasso em lidar com a violência e o desespero que empurram as pessoas a fazer jornadas perigosas pela perspectiva de uma vida em segurança e dignidade”, disse ele em um comunicado.

Amplamente compartilhada nas redes sociais, a foto mostra pai e filha mortos por afogamento às margens do Rio Grande, na divida dos Estados Unidos com o México. A tentativa de travessia se deu quando Óscar descobriu que a ponte internacional que liga os dois países estava fechada. No domingo 23, eles decidiu atravessar com a filha pelo rio. Os dois se afogaram diante do olhar da mãe da menina antes de chegarem ao lado americano.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou o México com a imposição de tarifas de importação de seus produtos como meio de forçar o país a adotar medidas internas de controle da imigração proveniente da América Central.

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Segundo advogados americanos especializados em imigração, crianças estão sendo mantidas por semanas sem comida ou higiene adequada em centros de detenção na fronteira americana. Na terça-feira 25, o Congresso americano aprovou um pacote de 4,5 bilhões de dólares para os programas de assistência às famílias da América Central que buscam refúgio nos Estados Unidos.

Tragédia no Mediterrâneo

Aylan Kurdi, 3, morto por afogamento em uma praia dos principais destinos turísticos da Turquia. A criança era um dos 12 refugiados sírios que morreram afogados tentando chegar à ilha grega de Kos - 02/09/2015
O garoto sírio Aylan Kurdi, morto por afogamento durante travessia do Mediterrâneo – 02/09/2015 (Nilufer Demir/DOGAN NEWS AGENCY/AFP)

A agência comparou a imagem no Rio Grande com a icônica fotografia de um menino refugiado sírio, Aylan Kurdi, de três anos de idade, cujo corpo chegou a uma praia da Turquia em 2015. Ele fazia parte da expressiva emigração de sírios pelo Mediterrâneo, com destino à Europa, que levou a  Turquia a efetivamente fechar a rota dos migrantes pela Grécia a pedido da União Europeia.

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Desde então, muitos países ergueram barreiras aos imigrantes. Nações da União Europeia e os Estados Unidos pressionaram seus vizinhos para reduzir o número de pessoas que tentam fazer as viagens em busca de uma vida mais segura.

Forçados a sair de seus países por causa de conflitos e perseguições, os refugiados somaram 70 milhões até o final de 2018, segundo relatório da Acnur. Especialistas em migração dizem que apertar os controles simplesmente leva os imigrantes a optarem por meios irregulares, o que os expõem aos riscos de morte e de exploração.

(Com Reuters)

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