ONU: ‘Não há espaço para nova guerra no Golfo Pérsico’
Declaração veio após a morte do general iraniano Qasem Soleimani durante um ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá, capital do Iraque
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou nesta sexta-feira, 3, por meio de porta-voz, que o mundo não pode permitir outra guerra no Golfo Pérsico. O pronunciamento do secretário-geral ocorre no dia seguinte à morte do comandante das forças Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária Iraniana (GRI) após um ataque aéreo dos Estados Unidos.
“O secretário-geral defendeu constantemente a redução das tensões no Golfo. Ele está profundamente preocupado com a recente escalada”, afirmou o porta-voz Farhan Haq em um breve comunicado.
A morte do general Qasem Soleimani ocorreu na noite de quinta-feira 2, quando mísseis disparados à partir de um drone acertaram um comboio no qual o iraniano se encontrava ao lado de lideranças de grupos paramilitares iraquianos no aeroporto internacional de Bagdá.
Os Estados Unidos justificaram o ato como um ataque preventivo, pois Soleimani estaria planejando ataques contra instalações americanas na região.
A escalada de tensões entre os Estados Unidos e o Irã ocorre desde a saída unilateral americana do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), mais conhecido como Acordo Nuclear, em março de 2018 e o restabelecimento de sanções econômicas na sequência. Desde então, vários episódios quase levaram os dois países à guerra, como o abate de um drone americano e o ataque contra as refinarias de petróleo da Aramco, empresa estatal da Arábia Saudita. Teerã acusa os Estados Unidos de “terrorismo econômico” ao asfixiar sua economia por meio das restrições econômicas.
Segundo um vídeo publicado pelo Departamento de Estado em setembro de 2019, a campanha de “pressão máxima” contra o Irã resultou em uma inflação em 52% ao ano e a queda de 6% na taxa de crescimento do país. Um dos reflexos das sanções contra Teerã foram as manifestações contra o preço da gasolina no Irã, que deixaram cerca de 200 mortos e mais de 7.000 presos em 2019.