A Índia está prestes a se tornar a nação mais populosa do mundo, superando a China em 2,9 milhões de pessoas até meados de 2023, segundo dados divulgados pelas Nações Unidas nesta quarta-feira, 19.
O país do sul da Ásia terá cerca de 1,4286 bilhão de pessoas contra 1,4257 bilhão da China até o meio do ano, segundo projeções da organização internacional. Os demógrafos dizem que os limites dos dados populacionais tornam impossível calcular uma data exata.
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A China tem a maior população do mundo desde pelo menos 1950, ano em que começaram os levantamentos das Nações Unidas. Tanto a China quanto a Índia têm mais de 1,4 bilhão de habitantes e, juntas, representam mais de um terço dos 8 bilhões de pessoas do mundo.
Não muito tempo atrás, esperava-se que a Índia só se tornasse o país mais populoso do mundo apenas a partir de 2030. Mas o tempo foi acelerado por uma queda na taxa de fertilidade da China.
Hoje, as famílias chinesas têm cada vez menos filhos, a população é envelhecida e o crescimento, estagnado, apesar do governo ter recuado de sua política de filho único há sete anos.
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Em contraste, a Índia tem uma população muito mais jovem, uma taxa de fertilidade mais alta e observou uma queda na mortalidade infantil nas últimas três décadas. Ainda assim, a taxa de fertilidade do país tem caído constantemente, de mais de cinco nascimentos por mulher, em 1960, para pouco mais de dois, em 2020, segundo dados do Banco Mundial.
O crescimento contínuo da Índia provavelmente terá consequências sociais e econômicas. O país, por exemplo, tem o maior número de jovens do mundo, com 254 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos, o que significa uma força de trabalho em expansão que pode impulsionar o crescimento do país nas próximas décadas.
Especialistas alertam, contudo, que isso pode rapidamente se tornar um problema demográfico se o crescente número de jovens na Índia não estiver adequadamente empregado. O relatório das Nações Unidas entrevistou 1.007 indianos, 63% dos quais disseram que as questões econômicas eram sua principal preocupação quando se trata de mudanças populacionais, seguidas por preocupações com meio ambiente, saúde e direitos humanos.
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“Os resultados da pesquisa indiana sugerem que as ansiedades da população são generalizadas. No entanto, os números da população não devem provocar ansiedade ou criar alarme”, disse Andrea Wojnar, representante do Fundo de População das Nações Unidas para a Índia, em um comunicado.
A esperança é que o crescente número de pessoas em idade ativa na Índia proporcione um “dividendo demográfico”, ou o potencial de crescimento econômico quando a população jovem e em idade ativa de um país for maior do que a parcela de pessoas mais velhas que já passaram da idade de trabalhar. Foi isso que ajudou a China a se tornar uma potência econômica e global.
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Também nesta quarta-feira, a China respondeu às notícias do relatório das Nações Unidas. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse que “o dividendo demográfico de um país depende não apenas da quantidade, mas também da qualidade”.
“A população é importante, assim como o talento. O dividendo demográfico da China não desapareceu, o dividendo de talento está ocorrendo e o ímpeto de desenvolvimento continua forte”, disse Wang em um briefing.