O chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Volker Turk, disse nesta terça-feira, 23, que ficou “horrorizado” com a escala de destruição dos complexos médicos Nasser e Al Shifa, dois dos maiores na Faixa de Gaza, e com os recentes denúncias de valas comuns nos arredores dos hospitais, contendo centenas de corpos.
O que aconteceu?
A Defesa Civil de Gaza afirmou na segunda-feira 22 que autoridades palestinas encontraram mais de 200 corpos em valas comuns em um hospital em Khan Younis esta semana, depois dele ter sido abandonado pelos soldados israelenses. Corpos também teriam sido achados nos arredores do hospital Al Shifa após uma operação das forças especiais de Israel.
“Sentimos a necessidade de dar o alarme porque claramente foram descobertos vários corpos”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz de Volker Turk. “Alguns deles tiveram as mãos atadas, o que, claro, indica graves violações do direito internacional dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, e estes precisam de ser submetidos a investigações mais aprofundadas”.
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acrescentou que seu escritório está trabalhando para corroborar os relatórios das autoridades palestinas de que 283 corpos foram encontrados em Nasser e outros 30 em Al Shifa. Segundo a Defesa Civil de Gaza, os corpos foram enterrados sob pilhas de lixo e incluíam mulheres e idosos.
Alerta a Israel
Durante um briefing das Nações Unidas comunicado por Shamdasani, Turk também condenou os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza nos últimos dias, que o chefe de direitos humanos disse terem matado principalmente mulheres e crianças.
A autoridade das Nações Unidas também repetiu um alerta contra o que parece uma iminente incursão em grande escala em Rafah, cidade no sul do enclave palestino que virou abrigo para grande parte da população deslocada do norte pela guerra. De acordo com ele, uma invasão israelense ao território superpopuloso poderia levar a “mais crimes atrozes”.