Todas as partes envolvidas na batalha de Alepo, que terminou em 22 de dezembro de 2016 com a tomada da cidade pelo regime sírio, cometeram crimes de guerra, apontou um relatório da Comissão Internacional das Nações Unidas sobre a Síria. O documento cita, inclusive, um ataque deliberado do regime de Bashar Assad a um comboio que levava ajuda humanitária à região.
O relatório abrange o período de 21 de julho de 2016, quando começou o cerco a cidade, até sua reconquista completa em dezembro e aponta que a evacuação de moradores da cidade, acertada entre o regime e os rebeldes com apoio de aliados, constituiu por si só um “crime de guerra”, ao envolver o “deslocamento forçado de civis”.
Os autores da investigação enfatizam o papel das forças de apoio ao regime de Assad, como a Rússia, na batalha “de uma violência implacável”. “Entre julho e dezembro de 2016, as forças russas e sírias realizaram bombardeios aéreos diários, deixando centenas de mortos e reduzindo a cinzas hospitais, escolas e mercados”, denuncia o documento. O texto também acusa as forças sírias de uso de armas proibidas, tais como cloro ou bombas de fragmentação.
Além de criticar o governo, o relatório da Comissão afirma que os rebeldes sírios cometerem crimes quando controlavam a zona leste de Alepo, ao conduzirem uma “campanha de bombardeios indiscriminados” contra a parte ocidental da cidade, sob controle do governo. O texto cita, especialmente, o ataque a um micro-ônibus de estudantes em 10 de agosto, no qual 13 pessoas morreram, e outro em 6 de outubro contra um mercado que matou 12 pessoas, além do uso de civis como “escudos humanos”.
Ataque a comboio
Em um dos pontos mais importantes do documento, a comissão de inquérito responsabiliza o regime de Assad, pela primeira vez, pelo ataque a um comboio humanitário em 19 de setembro. O ataque próximo a Alepo, que teria matado até 15 trabalhadores, de acordo com o relatório, despertou indignação da comunidade internacional e aplacou os esforços de Moscou e Washington para decretar um cessar-fogo na região.
“Todos os relatórios, imagens de satélite, testemunhos e análises no campo implicam as forças sírias”, informa o relatório, que acusa o governo de Assad de “atacar deliberadamente” o comboio. Damasco e Moscou negam qualquer responsabilidade no episódio.
(Com AFP)