Brexit: oposição decide encerrar negociação e May perde mais força
Premiê tentará aprovar seu acordo com a UE pela quarta vez, mas pacto dificilmente terá o apoio necessário
A tumultuada separação britânica da União Europeia (UE) voltou a mergulhar no caos nesta sexta-feira, 17, quando o Partido Trabalhista, de oposição, anunciou o fim das conversas sobre o Brexit com o governo da primeira-ministra Theresa May.
Quase três anos depois de o Reino Unido decidir sua saída da UE em um referendo por 52% a 48% dos votos, ainda não está claro quando, como ou mesmo se o país sairá algum dia do bloco ao qual se filiou em 1973. O novo prazo de saída é 31 de outubro.
As conversas do Partido Conservador, de May, e dos trabalhistas sobre o Brexit desmoronaram horas depois de a premiê concordar, na quinta-feira 16, em estabelecer um cronograma para sua renúncia no início de junho.
O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, escreveu a May nesta sexta-feira informando-a que as conversas do Brexit, que começaram em 3 de abril, foram “tão longe quanto podiam” devido à instabilidade de seu governo.
“Não conseguimos superar diferenças de diretrizes importantes entre nós”, escreveu Corbyn a May. “Ainda mais crucial é que a fraqueza e a instabilidade crescentes de seu governo significam que não pode haver confiança em assegurar o que quer que seja combinado entre nós”.
Ele disse que os trabalhistas se oporão ao acordo de May quando este voltar ao Parlamento no início do próximo mês.
O acordo de separação, que May acertou com a UE no ano passado, já foi rejeitado três vezes por um Parlamento profundamente dividido. Nesta semana, a primeira-ministra confirmou que tentará aprová-lo uma quarta vez, em uma votação no início de junho.
As mãos da premiê ficaram atadas, já que ela sabe que fazer concessões aos trabalhistas enfureceria seu partido dividido. Os trabalhistas temem que qualquer meio-termo em temas como os direitos dos trabalhadores seja descartado pelo sucessor de May.
A crise britânica do Brexit surpreende aliados e rivais. O impasse em Londres também faz com que a quinta maior economia do mundo enfrente opções como uma saída com um acordo para suavizar a transição, uma saída sem um pacto, uma eleição ou um segundo referendo.
O impasse do Brexit não deve ser superado rapidamente, uma vez que, além dos trabalhistas, membros rebeldes do próprio partido de May já anunciaram que rejeitarão o acordo da premiê no início de junho.
(Com Reuters)