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Na Nicarágua, oposição protesta contra repressão que atinge até igreja

Manifestantes pedem a saída de Daniel Ortega, a quem responsabilizam pela morte de até 351 pessoas em atos contra governo

Por Da Redação Atualizado em 21 jul 2018, 23h39 - Publicado em 21 jul 2018, 17h56

Um grande protesto contra o presidente Daniel Ortega tomou neste sábado as ruas de Manágua, capital da Nicarágua. Centenas de nicaraguenses iniciaram uma manifestação em uma das principais vias do leste de Manágua para exigir a renúncia do líder, a quem responsabilizam pela morte de 277 a 351 pessoas em manifestações contra seu governo.

Os participantes também levaram cartazes com as frases como “Só o povo salva o povo”, “Não eram delinquentes, eram estudantes”, assim como os rostos de diferentes vítimas. “Povo, una-se!”, “O povo unido jamais será vencido!” e “Liberdade para os presos políticos!”, estavam entre as palavras de ordem dos manifestantes.

Há dois dias, na celebração do 39° aniversário da revolução da Nicarágua, o presidente insistiu aos seus seguidores que defendessem seu governo. Ortega chamou seus simpatizantes a “não baixar a guarda, a seguir defendendo nossos direitos, as nossas decisões”. Ele também os chamou a manter ativos “os mecanismos de autodefesa” para evitar “um golpe de Estado”.

Neste sábado, horas antes de uma manifestação governista, a polícia nicaraguense expulsou de uma de suas sedes carcerárias dezenas de mães que perguntavam pelos seus filhos, que foram detidos ou desapareceram durante manifestações contra Ortega.

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O governo nicaraguense é acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) de “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país”. As autoridades da Nicarágua negaram reiteradamente tais acusações.

Os protestos contra Ortega começaram em 18 de abril, por conta de uma reforma da previdência que finalmente foi cancelada. Os atos se tornaram uma campanha pela renúncia do governante, depois de 11 anos no poder, sob acusações de abuso e corrupção.

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Presos

Familiares de detidos na prisão de “El Chipote”, na capital do país, evacuaram a entrada do local para evitar um confronto com partidários do governo que anunciaram uma marcha até esse local, segundo organismos de direitos humanos.

Cinquenta mães que permaneciam nos arredores da prisão foram retiradas pela Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH) até a catedral, informou a advogada Carla Sequeira. Ela considera que as ameaças são uma forma de intimidação.

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“Há alguns dias vieram nos dizer para sairmos de El Chipote. Ficamos com medo de que façam algo conosco, por isso viemos para cá (catedral de Manágua)”, afirmou uma mulher que não revelou seu nome.

“Disseram que nos expulsariam com as balas e decidimos sair para proteger as nossas vidas”, afirmou a esposa de um oficial militar reformado que estaria detido por se recusar a fazer parte de grupos paramilitares.

Localizada em uma elevação montanhosa no centro de Manágua, a prisão de “El Chipote” foi mencionada como um centro de vexação e tortura por organizações de direitos humanos que solicitaram seu fechamento.

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Marcas em igreja

Buracos de bala nas paredes, janelas e em imagens de santos da igreja da Divina Misericórdia de Manágua são o testemunho da violenta repressão das forças do governo aos estudantes opositores, em um dos episódios mais violentos da crise política no país. O dano material mais representativo está na imagem de Cristo, que tem três perfurações de bala, incluindo uma no peito, de onde parecem emanar raios de luz.

“Esta imagem (do Cristo da Divina Misericórdia) foi trazida da Polônia e é uma réplica da original. Agora vai ficar assim, porque estes três buracos representam o sofrimento do povo”, declarou o vigário Erick Alvarado.

A igreja da Divina Misericórdia, próxima à Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN), ficou lotada nesta sexta-feira (21), durante a jornada de orações e jejum convocada pela Igreja católica a favor do diálogo entre governo e oposição.

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Foi a primeira missa de desagravo após o ataque e no momento em que o presidente Daniel Ortega acusa os bispos, mediadores do diálogo, de serem “golpistas” e estarem comprometidos com uma “conspiração” contra o governo.

Estudantes da UNAN se refugiaram na Igreja no sábado passado, após a desocupação pela força do centro educacional, e ficaram cercados no templo durante cerca de 12 horas, ao lado de sacerdotes e jornalistas, sob o fogo das forças governamentais. O incidente deixou dois mortos e dezenas de feridos.

“Jamais pensei que poderiam atacar uma Igreja, a casa de Deus”, comentou Alvarado, que conseguiu sair do local após 12 horas de cerco, graças à mediação do cardeal Leopoldo Brenes e de organismos de direitos humanos.

(com EFE e AFP)

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