Líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó pousou nos Estados Unidos depois de ser expulso na segunda-feira, 24, de território colombiano, onde estava para a Cúpula Internacional sobre a Venezuela, convocada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
Reconhecido por alguns países como presidente venezuelano interino até o ano passado, Guaidó teve sua permanência barrada no país por ter entrado de forma “irregular”, segundo o Ministério das Relações Exteriores colombiano. Segundo a Chancelaria, o serviço de imigração colombiana levou Guaidó de volta ao aeroporto El Dorado “com o objetivo de verificar sua saída em uma linha aérea comercial para os Estados Unidos”, dada a irregularidade.
Comunicado de prensa | En horas de la tarde @MigracionCol condujo al señor Juan Guaidó, de nacionalidad venezolana que se encontraba en Bogotá de manera irregular, al aeropuerto El Dorado con el ánimo de verificar su partida en una aerolínea comercial a EE.UU, durante la noche 👇
— Cancillería Colombia (@CancilleriaCol) April 25, 2023
Nas redes sociais, o político afirmou que “a perseguição da ditadura estendeu-se à Colômbia”. “Vim trazer a voz de milhões que querem um país melhor, que querem solução, que querem recuperar a família, que querem recuperar a dignidade”, acrescentou.
O opositor também aproveitou para lembrar que o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia organizou a Cúpula sobre a Venezuela com a intenção de encontrar novas alternativas para a crise que o país vive e ouvir a voz de quem sofre com a ditadura chavista.
Após ser “retirado” da Colômbia, Guaidó expressou que espera que na reunião os países convidados terão liberdade de “falar sobre democracia respeito aos direitos humanos, integridade dos perseguidos, não apenas na Venezuela, mas em todo o mundo”.
Em 2019, o Legislativo venezuelano, controlado pela oposição, afirmou que a vitória de Nicolás Maduro em 2018 não era constitucional, já que seus principais adversários haviam sido impedidos de concorrer na eleição. Depois disso, parlamentares montaram um “governo interino”, liderado por Guaidó e com objetivo de comandar até que eleições livres pudessem ser feitas.
A oposição liderada por Guaidó, no entanto, não conseguiu conquistar apoio do Judiciário ou das Forças Armadas, apesar da economia em frangalhos, o que reforçou ainda mais o controle de Maduro sobre o país.
Os deputados que formavam a Assembleia Nacional de 2015 já tiveram seus mandatos encerrados em 2020, quando houve um pleito boicotado pela oposição e visto por fraudulento por boa parte da comunidade internacional. Muitos dos deputados da época estão exilados, mas continuam reivindicando representar o “governo interino”.
+ Mesmo sem Guaidó, EUA ainda veem Maduro como ‘ilegítimo’ na Venezuela
No início deste ano, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, afirmou que os EUA ainda entendem o governo de Maduro como “ilegítimo”, mas sem Guaidó como interino.
“Continuamos reconhecendo o que é a única instituição democraticamente eleita na Venezuela hoje, e esta é a Assembleia Nacional de 2015”, disse.
No caso do Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou em dezembro, antes mesmo de o novo governo ser empossado, que o país iria retomar relações com a Venezuela, rompidas sob Jair Bolsonaro. No fim de janeiro, o governo brasileiro consentiu a indicação de Manuel Vicente Vadell Aquino como novo embaixador venezuelano no Brasil, depois de reunião entre Vieira e o chanceler venezuelano, Yvan Gil.
O governo Bolsonaro publicou, em agosto de 2019, uma portaria que determina o não reconhecimento de Nicolás Maduro como presidente venezuelano, sob a justificativa de “fraude” na sua reeleição. Com isso, o governo brasileiro fechou as portas da Embaixada em Caracas e passou a não reconhecer a representação diplomática oficial do país vizinho.