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Os principais temas da reunião entre Lula e Biden

O petista viaja a Washington para reatar laços rompidos pela gestão anterior, mas leva na mala alguns assuntos espinhosos (e deve encontrar outros lá)

Por Amanda Péchy
Atualizado em 9 fev 2023, 16h30 - Publicado em 9 fev 2023, 12h05

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja aos Estados Unidos nesta quinta-feira, 9, para um encontro bilateral com o líder americano, Joe Biden, na sexta-feira, 10. Além de marcar a retomada das relações entre Brasília e Washington, esgarçadas durante a gestão anterior, os dois devem discutir quatro tópicos principais.

O primeiro é clima. O Brasil tem pedido aos Estados Unidos que participem também do Fundo Amazônia, iniciativa que arrecada recursos da Noruega e da Dinamarca para conservação e combate ao desmatamento na floresta. A Petrobras também tem uma pequena participação.

Biden foi eleito com uma agenda ambiental extensa e aprovou, no ano passado, o maior pacote de incentivo ao combate à crise do clima da história do país. John Kerry, enviado especial da Casa Branca para o clima, encontrou-se duas vezes com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, desde a eleição de Lula: na COP27, em novembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, neste ano.

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O segundo tópico é economia. Segundo o Itamaraty, “estarão na pauta os temas de comércio e investimentos, inclusive integração das cadeias produtivas, transição energética, redução da fome e da pobreza e segurança alimentar”.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tendo-se registrado, no ano passado, intercâmbio total de cerca de US$ 88,7 bilhões, valor inédito na série histórica. Ocupam o primeiro lugar como destino das exportações brasileiras de manufaturados e semimanufaturados. Além disso, são o país com o maior estoque de investimentos no Brasil, estimado em US$ 123 bilhões.

Na ordem do dia também está o tópico democracia. Ambos os países passaram por situação semelhante de ataque de extremistas de direita a sedes de poderes: em 6 de janeiro de 2021, o Capitólio de Washington, que abriga o Legislativo, foi invadido e depredado por apoiadores do ex-presidente Donald Trump; em 8 de janeiro de 2023, as sedes dos três poderes, em Brasília, também foram invadidas por extremistas de direita e tiveram destruída parte de seus espaços e materiais.

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Biden provavelmente convidará o Brasil a participar da Cúpula pela Democracia, iniciativa dos Estados Unidos vista como contraposição à China, principal rival geopolítico de Washington. O líder chinês, Xi Jinping, não estava entre os mais de cem líderes convidados e certamente não estará na lista da nova reunião.

Lula deve visitar o país asiático entre março e abril, segundo apurado por VEJA, e a cúpula organizada pelo governo americano deve acontecer em março. O presidente brasileiro dificilmente poderá se negar a participar, o que deve desagradar a Pequim.

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O quarto ponto de discussão devem ser assuntos globais – alguns deles especialmente espinhosos, incluindo Venezuela e a guerra na Ucrânia.

Um assunto incômodo aos americanos que deve ser tratado por Lula é o pedido pelo fim do embargo a Cuba, que já dura mais de 60 anos, e o apoio a eleições na Venezuela. Em relação a Caracas, Lula defende reunir um grupo de países que possa ajudar a negociar a realização de eleições livres e reconhecidas pela comunidade internacional.

Outro vespeiro, também obra de Lula, é a proposta de um “clube da paz” para intermediar as negociações entre Ucrânia e Rússia. Lula deve insistir na ideia de alinhar países do Sul global que não querem entrar na guerra apoiando claramente um dos lados, com o envio de armas e munições a Kiev, por exemplo, e preferem atuar como mediadores em diálogos de paz. Ainda nos estágios iniciais, o presidente citou a iniciativa em uma coletiva com o chanceler alemão, Olaf Scholz, em sua visita ao Planalto na semana passada.

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A agenda de Lula

Lula e a primeira-dama, Janja, devem chegar a Washington às 16h (horário local). Eles se hospedarão na Blair House, residência do governo americano que acomoda chefes de Estado próxima à Casa Branca. (Inicialmente, Lula queria ficar em um hotel, mas aceitou o convite de Biden por questão de segurança, já que há possibilidade de manifestações contrárias à sua visita.)

O presidente será acompanhado por Marina Silva, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Anielle Franco (Igualdade Racial). O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Elias Rosa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também fazem parte da comitiva.

Lula inicia seus compromissos na sexta-feira com um encontro com membros do Partido Democrata, com destaque aos esquerdistas senador Bernie Sanders e deputada Alexandria Ocasio-Cortez. 

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Em seguida, ele se encontrará com representantes da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), o maior grupo de sindicatos dos Estados Unidos. Os dois encontros serão na própria Blair House – o primeiro, às 10h30; o segundo, às 12h.

O encontro com Biden será às 15h30, na Casa Branca, e não deve haver coletiva de imprensa após a reunião. Enquanto isso, Janja deve encontrar-se com a primeira-dama americana, Jill Biden.

Lula voltará ao Brasil na manhã de sábado, 11. Enquanto isso, Geraldo Alckmin atua como presidente.

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