O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os líderes de outros Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) devem revelar um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia durante sua cúpula anual em Washington, D.C., nesta quarta-feira, 10. O grupo já anunciou a entrega de cinco sistemas de defesa aérea Patriot e outros equipamentos estratégicos, e ainda mais anúncios são esperados na reunião, que marca o 75º aniversário da aliança.
Na esperança de mudar o curso do conflito, que nos últimos meses tem visto avanços, pequenos mas consistentes, da Rússia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, quer que a Otan envie mais armas, dinheiro e ofereça garantias de segurança ao seu país. Ele se encontrará com o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, um aliado do ex-presidente Donald Trump, no Capitólio nesta quarta-feira.
Nesta semana, a Otan avaliou que Moscou não tem munições e soldados suficientes para iniciar uma grande ofensiva na Ucrânia, mas que os russos poderiam sustentar sua economia de guerra por mais três a quatro anos. Kiev também ainda não tem munições e soldados necessários para montar as suas próprias operações ofensivas em grande escala, segundo a aliança.
Ucrânia na Otan
Zelensky participará de partes da cúpula da Otan como convidado, mas a Ucrânia quer entrar no grupo para evitar futuros ataques da Rússia. Isso, porém, não deve acontecer tão cedo. Candidatos precisam ser aprovados por todos os membros da aliança, muitos dos quais têm receio de provocar um conflito direto com o Kremlin.
Ainda assim, outros membros querem que a Otan deixe claro que Kiev está avançando “irreversivelmente” em direção ao grupo. Fala-se inclusive de uma declaração na cúpula que vá além da promessa feita no ano passado – de que “o futuro da Ucrânia está na Otan”.
Biden na mira
Em um discurso forte na noite de terça-feira 9, o presidente americano, Joe Biden, declarou que a aliança está “mais forte do que nunca”. Mas os desafios são grandes. Além do tema Rússia-Ucrânia, a cúpula também deve abordar abordar outras questões de segurança incômodas, incluindo a guerra em Gaza e o aprofundamento dos laços entre Rússia, Irã, China e Coreia do Norte.
O próprio Biden, de 81 anos, está tentando provar sua força. Há 13 dias, desde um debate presidencial atrapalhado contra o ex-presidente Donald Trump, ele tem sofrido pressão para deixar a corrida pela Casa Branca devido a dúvidas sobre sua aptidão. O evento internacional pode ajudá-lo a encenar uma espécie de volta por cima, cercado por líderes aliados que ele passou seus três anos no cargo cultivando.
As eleições de novembro nos Estados Unidos podem significar uma mudança drástica no apoio de Washington à Ucrânia e à Otan. Trump, de 78 anos, já denunciou o “excesso” de ajuda dada a Kiev contra a invasão da Rússia, bem como o respaldo americano aos membros da aliança militar ocidental.
À margem da cúpula, Biden deve encontrar-se com o recém-eleito primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, político de centro-esquerda que encerrou 14 anos de governo do Partido Conservador. Os países são aliados transatlânticos importantes. O presidente americano também oferecerá um jantar para chefes de Estado e de governo da Otan – evento que ganhou destaque devido às preocupações sobre a saúde do chefe da Casa Branca.