Papa beatifica religiosos assassinados em conflito na Colômbia
O pontífice alertou que a paz na Colômbia fracassará sem a reconciliação entre vítimas e carrascos depois de décadas de violento conflito armado
Por Da redação
8 set 2017, 18h25
O papa Francisco beatificou nesta sexta-feira o bispo Jesús Emilio Jaramillo e o padre Pedro María Ramírez, mortos durante o conflito armado na Colômbia. Durante uma missa campal na cidade de Villavicencio, capital de uma região severamente atingida pela violência, o papa realizou a cerimônia de beatificação, com cantos e harpas, na presença de centenas de milhares de paroquianos.
O bispo Jaramillo morreu em 2 de outubro de 1989 nas mãos do ELN, um movimento de guerrilha inspirado pelo movimento católico da Teologia da Libertação – que o censurava por sua proximidade com os militares. Pablo Beltrán, chefe negociador do ELN nos diálogos de paz com o governo, descreveu sua morte como um “erro” e pediu “perdão” ao papa por seus atos.
Ramírez morreu em 10 de abril de 1948, um dia após o assassinato do então candidato à presidência pelo Partido Liberal, Jorge Eliécer Gaitán. O sacerdote teve as mãos amputadas a golpes de machado por seguidores de Gaitán, que acusaram a Igreja de aliar-se a seus adversários conservadores e incitar a morte dos liberais. A violência que seguiu a morte do líder liberal deixou muitas outras vítimas além de Pedro María Ramírez.
As duas histórias foram lidas nesta sexta durante a missa. “De agora em diante, os dois são proclamados beatos”, afirmou o pontífice. Em sua homilia, Francisco disse que os dois religiosos mortos simbolizavam “a expressão de um povo que quer abandonar o pântano da violência e do ressentimento”.
O pontífice alertou que a paz na Colômbia fracassará sem um compromisso com a reconciliação entre vítimas e carrascos depois de décadas de violento conflito armado. “Todo o esforço pela paz sem um compromisso sincero de reconciliação será um fracasso”, afirmou o papa.
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Pedido de perdão
O ex-comandante rebelde das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Rodrigo Londono, agora líder de um novo partido político, pediu perdão ao papa Francisco nesta sexta-feira pela dor e sofrimento que o grupo causou durante cinco décadas de guerra no país. Cerca de 220.000 pessoas morreram e milhões foram deslocadas durante a guerra das Farc e outros grupos rebeldes contra paramilitares de direita e forças do governo.
“Suas repetidas expressões sobre a infinita piedade de Deus me levam a pedir pelo seu perdão por quaisquer lágrimas ou dores que nós tenhamos causado à população da Colômbia”, disse Londono, em uma carta aberta para o papa.
Francisco regressará esta tarde a Bogotá e, no sábado, onde passará a noite para viajar a Medellín antes de concluir sua visita à Colômbia em Cartagena, cidade turística com profundas desigualdades sociais.
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