O papa Francisco pediu nesta sexta-feira, 21, que todos os padres que cometeram abusos sexuais contra menores de idade se entreguem à Justiça, em um das afirmações mais contundentes do pontífice sobre a crise que assola a Igreja Católica.
“Àqueles que abusam de menores eu diria isto: convertam-se e se entreguem à Justiça humana e se preparem para a justiça divina”, disse Francisco em sua mensagem de Natal tradicional.
O papa, que já usou sua mensagem de final de ano para denunciar casos de corrupção e má administração do Vaticano, desta vez se concentrou na crise global de abusos sexuais.
“Que fique claro que, diante destas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer todo o necessário para levar à Justiça todo aquele que tiver cometido tais crimes. A Igreja jamais tentará silenciar ou não encarar seriamente nenhum caso”, afirmou.
Ele reconheceu que a Igreja cometeu desvios graves no passado, mas prometeu fazer dos “erros passados oportunidades para eliminar este flagelo” tanto da instituição quanto da sociedade em geral.
“É inegável que no passado alguns, por irresponsabilidade, descrença, falta de preparo, inexperiência ou miopia espiritual e humana trataram muitos casos sem a seriedade e a prontidão devidas. Isso jamais deve acontecer novamente. Esta é a escolha e a decisão de toda a Igreja”.
Francisco convocou os chefes de cerca de 110 conferências nacionais de bispos católicos e dezenas de especialistas e líderes de ordens religiosas ao Vaticano para uma reunião extraordinária dedicada aos abusos sexuais entre os dias 21 e 24 de fevereiro.
As vítimas de abusos esperam que o encontro finalmente produza uma diretriz clara para responsabilizar os próprios bispos caso não lidem adequadamente com casos de abuso em suas regiões.
Casos de abusos e acobertamento de abusos sexuais foram revelados em várias partes do mundo este ano.
Nos Estados Unidos, as alegações atingiram com força arquidioceses em Boston, Nova York, Illinois e Pensilvânia. Nesta última, 300 padres pedófilos foram acusados de abusos contra mais de 1.000 vítimas menores de idade.
Já no Chile, 167 membros da Igreja Católica são investigados como autores ou cúmplices de abusos contra menores e adultos que se estenderam por quase seis décadas. Na Austrália, Alemanha, Reino Unido e outros também surgiram uma série de denúncias contra religiosos.
(Com Reuters)