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Papa Francisco diz que abuso é um ‘horror trágico’ a ser eliminado

Grande juri da Pensilvânia, nos EUA, concluiu que mais de 1.000 crianças foram abusadas por 301 sacerdotes nos últimos 70 anos

Por Da Redação
16 ago 2018, 22h00

O Vaticano expressou nesta quinta-feira (16) sua “vergonha e tristeza” pelo relatório de um grande júri nos Estados Unidos que condenou os abusos sexuais de mais de 1.000 crianças cometidos por padres no Estado da Pensilvânia.

O grande júri divulgou na terça-feira o resultado da maior investigação feita nos Estados Unidos sobre os abusos sexuais na Igreja Católica. Concluiu que 301 padres do Estado abusaram sexualmente de menores de idade durante os últimos 70 anos.

Em comunicado, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, disse que a Igreja Católica “precisa aprender duras lições a partir de seu passado” e que o Vaticano prometeu responsabilizar abusadores e aqueles que acobertaram os crimes.

O comunicado destacou a “necessidade de [o religioso] obedecer” a lei civil, incluindo as notificações obrigatórias de abusos contra menores. Informou ainda o papa Francisco entende como “estes crimes podem abalar a fé e o espírito de fiéis” e que deseja “eliminar este horror trágico”.

Mais cedo, nesta quinta-feira, bispos da Igreja Católica Romana dos Estados Unidos pediram uma investigação liderada pelo Vaticano e apoiada por leigos sobre acusações de abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal Theodore McCarrick, de Washington, que renunciou no mês passado.

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“Independentemente dos detalhes que podem surgir a respeito do arcebispo McCarrick ou dos muitos abusos na Pensilvânia (ou em qualquer outro lugar), nós já sabemos que uma causa inicial é o fracasso da liderança episcopal”, disse o cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, em comunicado.

O grupo informou que irá criar uma nova maneira para que as vítimas de abusos sexuais cometidos clérigos relatem os crimes. O projeto inclui a investigação sem interferências de bispos que supervisionam os padres acusados de abusos sexuais.

O relato do grande júri na Pensilvânia de terça-feira é o maior escândalo desde 2002, quando o jornal The Boston Globe relatou que, durante décadas, padres haviam abusado sexualmente de menores enquanto os líderes da Igreja acobertavam esses crimes.

Relatos similares surgiram na Europa, na Austrália e no Chile, gerando processos judiciais e levando algumas dioceses à falência. Os escândalos também enfraqueceram a autoridade moral da liderança da Igreja Católica, que tem cerca de 1,2 bilhão de fieis ao redor do mundo.

Um proeminente grupo católico, formado para impulsionar as vozes dos paroquianos após os escândalos sexuais, expressou preocupação sobre como o processo sobre os relatos de novos abusos irá funcionar.

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“Eu levo tudo de forma cética, mas esta é a afirmação mais forte que posso lembrar envolvendo leigos e aplicação da lei”, disse Nick Ingala, porta-voz do grupo Voice of the Faithful, em entrevista por telefone.

Ele disse que será essencial todo novo processo de revisão ser independente de influência do clero. Mas acrescentou: “Eu não sei como eles irão resolver isto”.

McCarrick tornou-se no mês passado o primeiro cardeal a perder seu quipá vermelho e seu título. Outros cardeais que foram disciplinados em escândalos de abusos sexuais mantiveram o honorífico “Vossa Eminência”.

O Vaticano ainda não comentou publicamente sobre o relato do grande júri da Pensilvânia. A prática de rotina do Vaticano é deixar os comentários para as organizações nacionais de bispos.

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