Em entrevista publicada na terça-feira, 2, o papa Francisco afirmou ao jornal italiano Corriere Della Sera que aguarda há mais de dois meses uma resposta de Moscou sobre um possível encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. De acordo com o pontífice, diplomatas do Vaticano enviaram uma mensagem aos russos cerca de três semanas após a invasão à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.
“Eu estava disposto a ir a Moscou. Ainda não recebemos uma resposta e continuamos insistindo”, disse Francisco. “Temo que Putin não possa e não queira ter esta reunião neste momento. Mas como você pode não parar com tanta brutalidade?”.
Apesar de declarar constantemente sua intenção de visitar a Ucrânia, tendo até mesmo beijado uma bandeira do país, o papa ressaltou que, “primeiro, tenho que ir a Moscou”.
“Primeiro tenho que conhecer Putin. Faço o que posso. Se Putin ao menos abrisse uma porta…”, disse ao jornal. Apesar de não mencionar diretamente a Rússia ou o presidente Vladimir Putin, o pontífice tem criticado os ataques militares na Ucrânia, caracterizando a ofensiva como “agressão injustificada” e “invasão”.
Antes da entrevista, no domingo, o pontífice reiterou o pedido para que os corredores humanitários em Mariupol, cidade fortemente atingida por bombardeios, sejam abertos para a retirada de civis.
Durante discurso a milhares de fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano, o pontífice classificou o conflito no leste europeu como uma “macabra regressão da humanidade”, e lamentou o sofrimento da população ucraniana, “em particular os mais fracos, os idosos e as crianças”.
O papa relembrou, ainda, que o mês de maio no catolicismo é dedicado a Maria, e pediu orações pela paz em Mariupol — cujo nome significa “cidade de Maria”, em homenagem à mãe de Jesus.
“Meus pensamentos vão à Mariupol, barbaramente bombardeada e destruída”, disse em sua fala.