Papa nega rumores sobre sua renúncia e comenta proibição do aborto nos EUA
Francisco fala sobre possível viagem à Rússia e à Ucrânia e compara aborto a 'contratar assassino de aluguel'
O papa Francisco descartou nesta segunda-feira, 4, rumores de que seu estado de saúde supostamente debilitado o faria renunciaria ao cargo em um futuro próximo.
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Em entrevista à agência de notícias Reuters, o pontífice de 85 anos disse que havia sofrido apenas “uma pequena fratura” no joelho quando deu um passo em falso, o que teria causado uma inflamação em um dos ligamentos.
Francisco também descartou rumores de que estaria com câncer, que surgiram quando ele passou por uma operação de seis horas no ano passado. Segundo ele, o procedimento removeu parte de seu cólon por causa de diverticulite, uma condição comum em idosos.
“[A operação] foi um grande sucesso”, disse ele, acrescentando que seus médicos “não disseram nada” sobre câncer.
No final de agosto, começaram a se propagar na mídia supostos indícios de uma renúncia do sacerdote, incluindo reuniões com cardeais do mundo para discutir uma nova constituição do Vaticano, cerimônia para empossar novos cardeais.
O papa também teria visitado a cidade italiana de L’Aquila, viagem associada à renúncia do Papa Celestino V, em 1294, e de Bento XVI, em 2013.
“Todas essas coincidências fizeram alguns pensarem que a mesma ‘liturgia’ aconteceria, mas nunca passou pela minha cabeça [renunciar]”, disse Francisco, que disse estar se recuperando de seu ferimento no joelho para retomar seus compromissos fora do Vaticano.
Falando da situação na Ucrânia, Francisco afirmou que o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, fez contato com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sobre uma possível viagem a Moscou.
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Foi reportado que o pedido de visita a Moscou teria sido rejeitado anteriormente. Contudo, na entrevista, o Papa deu indicativos de um suposto sinal verde agora.
“Trocamos mensagens sobre isso. Pensei que o presidente russo talvez me desse uma pequena janela para servir à causa da paz”, disse ele. “É possível que eu consiga ir para a Ucrânia em breve, mas gostaria de ir à Moscou primeiro”, acrescentou.
O Papa também comentou a recente decisão da Suprema Corte dos Estado Unidos de anular a histórica decisão Roe vs. Wade, que garantia o direito da mulher ao aborto. Francisco alegou respeitar a medida, repetindo sua condenação ao aborto, seguindo o princípio católico que ensina que a vida começa no momento da concepção.
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“Eu pergunto: é legítimo, é certo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?”, disse. Ele também comparou a interrupção da gravidez ao ato de “contratar um assassino de aluguel”.