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Papa pede fim da guerra da Síria e ‘concórdia’ na Venezuela

Em sua mensagem de Natal, pontífice argumenta que, sem a fraternidade, os esforços por um mundo mais justo ficam sem fôlego

Por Da Redação
Atualizado em 25 dez 2018, 14h29 - Publicado em 25 dez 2018, 14h11
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  • O papa Francisco valeu-se de sua mensagem especial de Natal para pedir, nesta terça-feira, uma solução política para a guerra civil na Síria e expressar sua esperança de que a trégua no Iêmen seja alcançada. A Venezuela e a Nicarágua foram os outros dois palcos de conflitos mencionados pelo papa, com preocupação.

    “Que a comunidade internacional se esforce de modo veemente para encontrar uma solução política […] para que o povo sírio, especialmente os que tiveram que deixar as próprias terras e buscar refúgio em outro lugar, possa viver em paz em sua pátria”, afirmou Francisco para uma multidão de 50.000 pessoas concentradas na praça de São Pedro neste dia de Natal.

    “Penso no Iêmen, com a esperança de que a trégua alcançada […] possa aliviar finalmente tantas crianças e populações, exaustas pela guerra e o mundo”, continuou o pontífice, referindo-se à guerra que já provocou pelo menos 10.000 mortes desde 2015 e ao país que atualmente enfrenta a pior crise humanitária do mundo, de acordo com a Organizacão das Nações Unidas (ONU).

    O papa Francisco dedicou aos conflitos seu discurso anual de Natal, o “Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo). Seu apelo se dá menos de uma semana depois da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar as tropas americanas da Síria. O pontífice expressou sua esperança de que a comunidade internacional alcance uma solução diplomática para o conflito de quase oito anos na Síria e, assim, permita o retorno de milhões de refugiados a suas comunidades de origem para uma vida de paz.

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    O papa Francisco falou muitas vezes sobre a Síria desde o primeiro ano de seu pontificado, em 2013, quando liderou orações na Praça de São Pedro como forma de se opor a um ataque militar planejado pelo então governo de Barack Obama contra o regime do presidente sírio Bashar Assad. O ataque acabou não ocorrendo.

    Sua menção sobre o Iêmen se dá doze dias depois do anúncio, na Suécia, de um acordo de cessar-fogo “imediato” negociado entre o governo, apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã. O acordo foi intermediado pela ONU, mas houve em seguida ataques recíprocos na cidade portuária de Hodeida, principal frente de combates no país.

    Em seu discurso de Natal, o papa também expressou apoio ao “caminho de reaproximação recentemente empreendido” na península coreana. O papa também pediu liberdade religiosa para as minorias cristãs em vários países, onde são perseguidas e expressou sua proximidade com as comunidades ortodoxas da “amada” Ucrânia, neste momento de grande tensão militar e religiosa do país com a Rússia.

    O presidente russo Vladimir Putin condenou na semana passada a criação na Ucrânia de uma Igreja Ortodoxa independente da tutela russa e denunciou uma violação “flagrante” das liberdades religiosas. Putin anexou o território ucraniano da Crimeia, em 2014, e, recentemente, prendeu navios e tripulantes da Ucrânia.

    “Apenas com a paz […] o país pode se recuperar dos sofrimentos padecidos […] Eu me sinto próximo às comunidades cristãs desta região e peço que possam ser estabelecidas relações de fraternidade e amizade”, destacou.

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    O papa não se esqueceu da Terra Santa em sua mensagem de Natal e fez um apelo ao “diálogo”, comprometido neste momento pela transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel para Jerusalém e pela política de assentamentos do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

    “Que o Natal torne possível que israelenses e palestinos retomem o diálogo e empreendam um caminho de paz que acabe com um conflito que dura mais de 70 anos”, declarou.

    Latino-americanos

    Diante de tantos conflitos, o papa Francisco insistiu que o Natal deve ser visto como um momento de redescobertas dos laços de fraternidade que unem as pessoas. “Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os nossos esforços por um mundo mais justo ficam sem fôlego, e mesmo os melhores projetos correm o risco de se tornar estruturas sem alma”, afirmou.

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    “Que todos nós possamos receber a paz e o conforto do nascimento do Salvador, para que, sentindo-nos amados pelo único Pai celeste, possamos nos reencontrar e viver como irmãos!”, disse ele.

    Referindo-se às profundas crises econômica, social e humanitária na Venezuela, o papa Francisco conclamou a sociedade venezuelana a buscar a concórdia e trabalhar pelos mais vulneráveis. O país sofreu nos últimos anos com a fuga de mais de 3 milhões de habitantes, principalmente para os países vizinhos, que passaram a elevar suas pressões sobre o governo ditatorial de Nicolás Maduro.

    “Que este tempo de bênção permita a Venezuela encontrar de novo a concórdia e que todos os membros da sociedade trabalhem fraternalmente pelo desenvolvimento do país, ajudando os setores mais frágeis da população”, afirmou o sumo pontífice.

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    O papa também desejou que “os habitantes da querida Nicarágua se redescubram irmãos para que não prevaleçam as divisões e as discórdias, e sim que todos se esforcem para favorecer a reconciliação e para construir juntos o futuro do país”. O país enfrenta uma grave crise política desde o início de protestos contra o governo de Daniel Ortega em abril. A repressão provocou 320 mortes, de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos.

    Apesar da pressão internacional,  Ortega não cedeu e descartou a possibilidade de antecipar as eleições presidenciais 2021 para 2019, como propôs a Igreja Católica, principal mediadora nas negociacões entre o governo e a oposição.

    (Com Estadão Conteúdo, EFE e AFP)

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