Para conter crise demográfica, China permite que casais tenham três filhos
Taxa de natalidade vem caindo no país mesmo após o fim da política do filho único em 2016; cresce preocupação com envelhecimento da população
Depois de reverter em 2016 a política do filho único, a China anunciou nesta segunda-feira, 31, que passará a permitir que cada casal tenha até três filhos. A decisão foi tomada diante da preocupação das autoridades locais com a queda na taxa de natalidade e o envelhecimento da população.
Em um comunicado, o principal órgão decisório do Partido Comunista da China afirmou que “permitir que todos os casais tenham três filhos e a implementação de políticas relacionadas de assistência vão melhorar a estrutura da população”. O governo também disse que vai, “com prudência, aumentar a idade de aposentadoria de modo gradual”.
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, a mudança foi aprovada durante uma reunião com o presidente Xi Jinping. Entretanto, ainda não há data para a medida entrar em vigor.
Em 2016, a China aprovou uma flexibilização da política do filho único, que autorizou o nascimento do segundo filho. Ainda assim, os dados do último censo mostraram que a taxa de natalidade segue caindo no país desde 2017.
De acordo com a pesquisa realizada a cada 10 anos e publicada no último dia 11, a população da China chegou a 1,411 bilhão em 2020. Em comparação ao censo de 2010, a média anual de crescimento de 0,53% na última década foi a menor desde os anos 1950.
A taxa de natalidade também caiu para 10,48 nascimentos a cada 1.000 habitantes em 2019, o nível mais baixo desde a fundação da China comunista, em 1949. Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, o número de nascimentos caiu ainda mais.
Especialistas apontam a diminuição do número de casamentos, a elevação do custo de vida e a gravidez mais tardia das mulheres, que priorizam a carreira profissional, como as principais razões para o fenômeno. Com isso, demógrafos advertem que a China pode passar a sofrer com excesso de idosos em comparação ao número de jovens e trabalhadores, assim como Japão e Coreia do Sul.