Para impedir avanços ucranianos, Rússia apela até para ‘dente de dragão’
Blocos de concretos em formato piramidal estão sendo instalados em várias partes das regiões ocupadas, segundo relatório da Defesa britânica
O Ministério da Defesa do Reino Unido disse nesta terça-feira, 8, que a Rússia está intensificando seus esforços para construir obstáculos físicos de maneira a impedir o avanço do Exército ucraniano em regiões-chave, como a cidade de Mariupol, que foi o foco da guerra durante grande período do conflito.
De acordo com o último relatório de inteligência do governo britânico, os russos estão usando duas fábricas em Mariupol para construir um grande número de “dentes de dragão”, blocos de concreto piramidais projetados para retardar o avanço de veículos militares.
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A produção dos componentes, aliado à colocação de arame farpado e minas terrestres, é mais um indicativo de que as forças russas estão tentando adotar uma postura mais defensiva no conflito após o sucesso da contra-ofensiva ucraniana, principalmente no leste do país.
“Há relatos de dentes de dragão instalados em Mariupol, que faz a ponte terrestre entre a Rússia e a Crimeia, e nas regiões ocupadas de Kherson e Zaporizhzhia. Esta atividade sugere que os russos estão fazendo um esforço significativo para preparar defesas em profundidade por trás de sua linha de frente atual, provavelmente para impedir qualquer avanço ucraniano rápido”, diz o relatório.
As barreiras de obstáculos são geralmente utilizadas em conjunto com recursos naturais para retardar e bloquear o avanço de tropas inimigas e direcioná-las para locais onde possam ser facilmente confrontadas. Sua implantação faz parte de muitos treinamentos militares e geralmente são acompanhadas por sistemas de artilharia para monitorá-las.
A última atualização do Ministério de Defesa britânico foi divulgada depois que o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, disse que não via necessidade de evacuar Kiev ou qualquer outra cidade que não esteja perto da linha de frente na guerra.
Os comentários foram feitos durante uma reunião do gabinete presidencial após os ataques russos aos sistemas de água e energia da Ucrânia. Na ocasião, o prefeito da capital disse aos moradores que todas as opções deveriam ser consideradas, incluindo o pior cenário possível.
O foco nos sistemas de defesa da Rússia acontece depois que autoridades russas na cidade de Kherson, o primeiro grande centro conquistado no confronto, disseram que a energia foi totalmente cortada depois de um ataque feito por Kiev. Em resposta, o governo ucraniano nega a autoria dos ataques e culpa Moscou.
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A contra-ofensiva do Exército da Ucrânia já retomou uma série de territórios conquistados e trouxe uma série de derrotas humilhantes para os militares russos, no entanto, uma eventual perda do domínio de Kherson teria um efeito devastador.
Enquanto as tropas ucranianas continuam a avançar, a Rússia tenta tornar a cidade uma fortaleza. Durante semanas, inclusive, o Kremlin organizou uma retirada em massa de civis da região, o que Kiev diz se tratar de “deportações”.