Parlamentares da Georgia trocam socos por ‘lei russa’; veja vídeo
Briga foi motivada pela lei de "agentes estrangeiros", alvo de críticas ferrenhas por semelhanças às restrições impostas pelo governo da Rússia

Parlamentares da Geórgia trocaram socos nesta segunda-feira, 15, por discordâncias sobre a lei de “agentes estrangeiros”, alvo de críticas ferrenhas por semelhanças às restrições impostas pelo governo da Rússia. Na prática, a norma exige que organizações que recebam financiamento de mais de 20% pelo exterior sejam registradas como agentes estrangeiros. Em caso de descumprimento, enfrentarão multas de cerca de R$ 49 mil.
No plenário, Mamuka Mdinaradze, líder do partido governista, falava sobre a lei no momento em que foi agredido no rosto por Aleko Elisashvili, da oposição. O vídeo mostra que congressistas tentam separar a briga, sem muito sucesso. Em meio aos ânimos agitados, outros legisladores partem para o ataque e entram no confronto físico – não é possível dizer se os golpes têm como objetivo apartar a dupla.
https://twitter.com/les_spectateurs/status/1779841785260285976
Do lado de fora, 5 mil pessoas protestavam contra a aplicação da nova legislação, já aprovada e com primeira leitura marcada para esta terça-feira, 16. Segundo a agência de notícias Reuters, manifestantes foram presos e canhões de água foram implementados nos arredores para dispersá-los.
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Troca de farpas
Com o rosto machucado, Elisashvili foi ovacionado pelos manifestantes e disse a repórteres que deveria “enfiar esta lei na bunda deles”, acrescentando: “ou somos georgianos ou escravos, o que não somos. Mdinaradze levou um soco na cara russa”. Em resposta, o líder governista acusou o rival de “uma provocação planejada, supostamente paga”.
https://twitter.com/GAMZIRI24/status/1779846606520508665
A legislação “russa”, como é chamada pelos opositores, tem como alvo organizações não governamentais, veículos de imprensa e grupos de campanha e teria como finalidade reduzir a influência do exterior na política local. Ela havia sido arquivada há 13 meses após protestos, tendo retomado à luz do Parlamento na semana passada.
Mas o embate deve superar as fronteiras da Geórgia e colocar em risco a sua adesão à União Europeia (UE). O país, que recebeu estatuto de candidatura no ano passado, foi alertado por Bruxelas que a entrada no bloco europeu dependerá do combate à polarização. A polêmica lei teria sido alvo de novos alertas da organização, que teria recomendado o Georgian Dream a retirá-la por ser “incompatível com os valores da UE”, informou o portal Politico.