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Parlamento britânico aprova medida que visa impedir Brexit sem acordo

Projeto de lei saiu vencedor na Câmara dos Comuns por 313 votos contra 312, e na quinta-feira passará para a Câmara dos Lordes para aprovação final

Por AFP Atualizado em 30 jul 2020, 19h51 - Publicado em 4 abr 2019, 01h22

Os deputados britânicos aprovaram, nesta quarta-feira 3, por mínima vantagem, uma legislação que obriga a primeira-ministra Theresa May a buscar o adiamento do Brexit para evitar uma saída sem acordo da União Europeia (UE) em 12 de abril, atual prazo para a ruptura.

O projeto de lei, apresentado pela deputada trabalhista Yvette Cooper, foi adotado na Câmara dos Comuns por 313 votos contra 312, e na quinta-feira passará para a Câmara dos Lordes para aprovação final.

O governo expressou sua “decepção” através de um de seus porta-vozes: “A primeira-ministra já definiu um processo claro pelo qual podemos sair da União Europeia com um acordo, e já nos comprometemos a solicitar um novo adiamento”.

Apesar de o acordo de divórcio alcançado entre Londres e Bruxelas ter sido rejeitado em três ocasiões, o governo britânico não exclui reapresentá-lo aos deputados. A votação desta quarta-feira também enfureceu os mais fervorosos defensores do Brexit, dispostos a cortar os laços sem acordo.

O deputado conservador Mark Francois denunciou “um escândalo constitucional”. “Perdoai-vos Senhor, porque não sabem o que fazem”.

Até agora, o Parlamento de Westminster não aprovou nenhuma das opções do Brexit: derrubou o Tratado de Retirada assinado em maio com os outros 27 líderes europeus e rejeitou todas as alternativas apresentadas pelos deputados.

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O país deveria ter saído do bloco na semana passada, mas ante o bloqueio que a UE concedeu até 12 de abril para apresentar uma solução, solicitar uma extensão longa ou aceitar um Brexit sem consenso e com sérias consequências econômicas.

May ficou sem argumentos para convencer os eurocéticos mais resistentes dentro de seu Partido Conservador, então finalmente decidiu recorrer a seu inimigo jurado, o líder da oposição Jeremy Corbyn, em busca de uma saída que tenha o apoio de uma maioria parlamentar.

A unidade nacional é necessária para defender o interesse nacional”, declarou ela, para justificar sua decisão, que foi muito mal recebida por parte de sua formação.

O deputado conservador Jacob Rees-Mogg, líder do principal grupo eurocético da Câmara dos Comuns, lamentou que o futuro do Brexit tenha sido deixado para Corbyn, “um notório marxista”.

E dois secretários de Estado se demitiram nesta quarta-feira. Chris Heaton-Harris, que estava encarregado dos preparativos para uma eventual saída sem acordo no ministério do Brexit, afirmou não poder “simplesmente apoiar uma nova extensão”.

Anteriormente, Nigel Adams, secretário de Estado para Gales, renunciou, alertando em uma carta a May que ela está cometendo “um grave erro”.

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Corbyn declarou estar “muito feliz” em participar dessas negociações, mas avisou que até agora a líder conservadora “não mostrou muitos sinais de querer fazer concessões”.

O Partido Trabalhista de Corbyn defendeu repetidas vezes a necessidade de que, após o Brexit, o Reino Unido permaneça em uma união aduaneira com a UE e respeite boa parte das regras do mercado comum europeu para proteger o comércio e os direitos dos trabalhadores.

O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, advertiu de que o risco de um Brexit sem acordo é “alarmantemente alto”.

Apesar da persistente incerteza, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse em Bruxelas que a UE vai trabalhar “até o último minuto para evitar a falta de acordo” que, segundo ele, reforçaria políticas “populistas e nacionalistas” e seria ótimo para quem “quer enfraquecer a UE e o Reino Unido”.

A chanceler alemã Angela Merkel tambémprometeu lutar “até o último minuto do dia para chegar a uma saída ordenada”, antes de viajar a Irlanda, país vizinho do Reino Unido que sofrerá muito com as consequências de um Brexit sem acordo.

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