Está prevista para esta terça-feira, 15, a votação que decidirá o destino do plano da premiê do Reino Unido, Theresa May, para o Brexit. Especialistas ouvidos pela imprensa britânica não acreditam que o acordo será aprovado e partidos da oposição devem apresentar uma moção de não confiança contra a primeira-ministra – que representará a força da oposição a seu governo e pode culminar com sua saída do cargo – caso o texto seja rejeitado.
Nesta segunda-feira, May fez uma tentativa final para conseguir apoio ao acordo visando a uma saída tranquila do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit. Em caso de vitória, valerão os termos acertados pela atual líder do governo britânico. Porém, caso a proposta seja derrotada – o que é considerado mais provável – ela terá três dias para apresentar um “plano B”, ainda incerto.
A premiê falou ao Parlamento na véspera da votação e afirmou que “os livros de história julgarão se os parlamentares atenderão à vontade do povo, manifestada no referendo de 2016 sobre o Brexit, ao mesmo tempo em que resguardam a economia”.
Ela alertou para o risco de a rejeição do plano vir a decepcionar o povo britânico, e conclamou os parlamentares a analisarem novamente o texto nas 24 horas anteriores à votação.
Em dezembro, enfrentando forte oposição às suas propostas sobre o gerenciamento da fronteira entre a Irlanda do Norte e a Irlanda, país-membro do bloco europeu, May adiou a votação do acordo. Mas, na quarta-feira passada, o Parlamento britânico retomou as deliberações sobre a saída.
A saída do Reino Unido do bloco econômico europeu está marcada para 29 de março. Por enquanto, as alternativas são: retirada sem acordo e reversão total do referendo público aprovado em 2016, no qual a maioria dos eleitores decidiu pela saída da União Europeia.
Durante discurso nesta segunda-feira em uma fábrica na cidade de Stoke-on-Trent, a primeira-ministra afirmou que o cancelamento da retirada é a alternativa mais proeminente no caso de rejeição do seu acordo.
Reagindo à instabilidade britânica, a Espanha afirmou que a União Europeia poderia concordar em estender o prazo para a saída. Mas a postergação não iria além das eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
Ainda nesta segunda-feira, Theresa May e líderes da União Europeia trocaram cartas oferecendo garantias sobre o acordo de saída, com pouca reação positiva dos parlamentares insatisfeitos. O bloco disse que se compromete a encontrar maneiras de reduzir a controvérsia em torno do “backstop”, a preservação do livre-comércio na fronteira entre as Irlandas, e afirmou que a promessa teria peso legal.
Em resposta conjunta a questionamentos de May, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disseram que a União Europeia se proporia a atingir um acordo pós-Brexit até o fim de 2020 para evitar a utilização da fiscalização na Irlanda do Norte, impopular entre muitos políticos britânicos.
(Com Reuters e Agência Brasil)