O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira, 16, que partes do acordo negociado com a Ucrânia para tentar encerrar o conflito estão perto de serem fechadas. Segundo o chanceler, a neutralidade de Kiev, um dos principais pontos de embate entre os países e exigência de Moscou para acabar com a guerra, está sendo seriamente discutida.
“Status de neutralidade está sendo discutido seriamente junto com, claro, garantias de segurança”, disse Lavrov à emissora RBC. “Agora esta mesma coisa está sendo discutida em negociações – há formulações absolutamente específicas que, em meu ponto de vista, estão perto de um acordo”.
Apesar de ter alertado que “as negociações não são fáceis por razões óbvias”, o diplomata, que comanda a chanceleria russa há quase duas décadas, afirmou que “há alguma esperança de chegar a um compromisso”.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.
A fala de Lavrov segue uma declaração do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que as rodadas de negociações se tornaram mais realistas.
“As reuniões continuam e, pelo que eu fui informado, as posições já soam mais realistas. Mas mais tempo será necessário para que as decisões estejam de acordo com os interesses da Ucrânia”, disse na noite de terça-feira, 15.
Mais cedo, ele já havia sinalizado que que seu país precisa entender que “a porta da Otan não está aberta” para admissão, em referência à principal aliança militar ocidental.
Na terça-feira, representantes russos e ucranianos se encontraram para a quinta rodada de negociações, após uma “pausa técnica” para “trabalho adicional de subgrupos de trabalho e esclarecimento de definições individuais”.
Os outros encontros renderam entendimentos escassos para proteção de civis, e a terceira rodada de conversas terminou com “pequenos desenvolvimentos positivos”, segundo um representante ucraniano. Apesar do tom mais positivo, a implementação de corredores humanitários, que têm objetivo de facilitar a retirada de civis e a entrada de itens básicos como remédios, tem se mostrado difícil em cidades afetadas pela guerra.