Sob o comando do socialista Pedro Sánchez, o primeiro governo de coalizão Espanha desde o retorno à democracia começou a tomar forma nesta sexta-feira, 10, com o objetivo de pacificar mercados nervosos. A ênfase estará na economia, uma vez que as previsões sugerem que o crescimento diminuirá de 2,1%, em 2019, para 1,8%, neste ano, e que as tensões comerciais globais impõem riscos de desempenho ainda menos satisfatório.
Após uma votação decisiva na segunda-feira 6, na qual o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi escolhido pelo Parlamento para compor um novo governo, uma série de anúncios de membros da administração deu forma a um gabinete com peso maior da extrema-esquerda – e também de mulheres.
O novo governo tem a tarefa de formar consenso entre uma instável aliança comparada a colcha de retalhos para conseguir aprovar leis. Nadia Calviño, responsável pelo Ministério da Economia desde 2018 e ex-candidata a substituir a francesa Christine Lagarde no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), coordenará os assuntos econômicos e a transformação digital.
A decisão do governo de priorizar a economia foi sinalizada em várias de suas escolhas. A especialista em comércio internacional Arancha González Laya, atualmente secretária-geral adjunta das Nações Unidas e ex-funcionária da Organização Mundial do Comércio (OMC), conduzirá o Ministério das Relações Exteriores.
José Luis Escrivá, chefe do órgão de fiscalização orçamentária da Espanha e ex-economista-chefe do banco espanhol BBVA, vai liderar o ministério responsável pela Previdência Social e pela imigração. Um dos desafios do governo de Sánchez será aprovar uma reforma do sistema de aposentadorias e pensões.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, continuará no cargo, assim como Reyes Maroto, da pasta de Indústria, Comércio e Turismo, e Fernando Grande-Marlaska, do Interior. Também continuará no governo José Luis Ábalos, “número dois” do PSOE, como ministro do Transporte, Mobilidade e Agenda Urbana.
O ex-astronauta Pedro Duque também continuará como ministro de Ciência e Pesquisa, e Isabel Celaá permanecerá na Educação.
Mais mulheres
Dos quatro vice-primeiros-ministros, três serão do sexo feminino. Teresa Ribera se concentrará na área de Meio Ambiente, enquanto Carmen Calvo será responsável pelas relações parlamentares e pelo reconhecimento das vítimas da Guerra Civil (1936-1939) e da ditadura de Francisco Franco, que se estendeu de 1939 a 1975.
O quarto vice-primeiro-ministro será Pablo Iglesias, líder do partido de extrema-esquerda Unidas Podemos, que cuidará dos direitos sociais e do desenvolvimento sustentável. A legenda também terá os titulares de quatro ministérios, sendo responsável desde o ensino superior até os direitos do consumidor.
(Com Reuters e EFE)