A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, pediu nesta quinta-feira, 7, a destituição imediata do presidente Donald Trump, descrevendo-o como “uma pessoa muito perigosa que não deveria continuar no cargo”.
“Esta é uma urgência da maior importância”, disse a democrata, exigindo que o vice-presidente Mike Pence e o gabinete de Trump a invocassem a 25ª Emenda da Constituição, que permite que ele e o gabinete tirem o poder da presidência.
O instrumento legislativo foi criado em 1967, como reflexo do assassinato de John Kennedy. O texto indica que o líder do país pode ser removido e substituído por seu vice caso se mostre incapaz de desempenhar suas funções por uma doença física ou mental. Trump teria alcançado parâmetros de incapacidade por propagação de mentiras, desprezo pelas instituições democráticas e tentativa de manipular funcionários públicos para reverter os resultados das eleições.
Além disso, os principais membros do Partido Democrata no Congresso acusam o republicano de incitar a multidão que tomou conta do Congresso um dia antes, interrompendo a certificação da vitória eleitoral do presidente eleito Joe Biden. Segundo a líder da Câmara, ele comportou-se de maneira “sediciosa”.
Parlamentares tiveram de se esconder debaixo de mesas e colocar máscaras de gás durante a ocupação de mais de uma hora. Ao fim da invasão, 52 pessoas foram presas, 14 policiais ficaram feridos e quatro pessoas, inclusive uma mulher baleada no Capitólio, morreram.
Se Pence se recusar a agir, os democratas dizem estar preparados para abrir um processo de impeachment contra Trump pela segunda vez.
“Embora faltem apenas 13 dias, qualquer dia pode ser um show de horrores para os Estados Unidos”, disse Pelosi, demandando uma resposta de Pence dentro de um dia.
Contudo, não está claro quão rápido seria possível conduzir um impeachment. Com menos de duas semanas até a posse de Biden, é improvável que um processo tão complicado seja instaurado. Mesmo assim, o líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que Trump “não deve ocupar o cargo por mais um dia sequer”.
Até mesmo deputados republicanos, como Adam Kinzinger, de Illinois, publicaram apelos contra o líder de seu partido no Twitter. Kinzinger afirmou que ele estava desconectado “não apenas de seu dever ou juramento, mas da própria realidade”.
Segundo o jornal americano The New York Times, escritórios de advocacia também juntaram-se ao coro de pedidos pela 25ª Emenda. O Crowell & Moring, em Washington, disse que “quando se trata de defender nossa Constituição e nosso sistema de leis, temos um dever especial e uma perspectiva excepcional”. Enquanto isso, um grupo bipartidário de advogados, incluindo um ex-alto funcionário do governo Trump, também pediu que ele fosse destituído do cargo para “proteger a nação”.
(Com AFP)