A polícia da Moldávia prendeu sete pessoas por envolvimento na organização de “desordem em massa” durante um protesto na capital do país, Chisinau, no domingo 12. Os detidos seriam membros de uma rede de conspiração apoiada pela Rússia.
A polícia afirmou que as pessoas presas foram treinadas para causar agitação durante o protesto contra o governo pró-ocidental do país. Os agentes secretos teriam se infiltrado em grupos “diversionistas” e alguns cidadãos russos provocaram desordem. Segundo Viorel Cernauteanu, chefe de polícia da Moldávia, os conspiracionistas receberiam US$ 10 mil , cerca de R$ 52 mil, cada pelo serviço.
As manifestações foram organizadas por um grupo que se autodenomina “Movimento para o Povo”, apoiado pelo Partido Shor, legenda pró-Rússia que detém 6 das 101 cadeiras no Parlamento. Milhares de pessoas se reuniram nas ruas de Chisinau e, ao todo, 54 manifestantes foram detidos, incluindo 21 menores, por demonstrar “comportamento questionável” ou portar itens proibidos, como facas e outras armas brancas.
Os protestos criticam o governo pró-europeu pelo aumento no custo de vida no país. A Rússia reduziu o fornecimento de gás à Moldávia em 2022, o que fez dispararem as contas de energia do país em até seis vezes. Os efeitos da guerra na Ucrânia, vizinha de Chisinau, também contribuíram para levar a inflação a 30%.
+ Enquanto Putin corteja China, Biden promete defender aliados do Ocidente
Mesmo com a ajuda do Ocidente e subsídios do governo para contas de energia, a população ainda reclama dos altos preços nos mercados. Entre os manifestantes, muitos não sabem como vão viver ou comer.
“A democracia é para os ricos”, disse um manifestante à agência de notícias Associated Press.
Porém, nem todos nas multidões de domingo apoiam a Rússia. Uma série de contra-protestos também foi registrada nas ruas da capital do país.
“As pessoas estão sendo manipuladas”, disse um homem à Associated Press. “Eles querem voltar ao passado soviético, mas todos os impérios morrem.”
A Moldávia pleiteia a entrada na União Europeia, e já ganhou status de “candidata”, junto com a Ucrânia, em junho de 2022.
+ É ‘óbvio’ que Putin não vai se contentar só com a Ucrânia, diz Zelensky
Em fevereiro deste ano, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, alertou sobre um suposto plano russo de fornecer treinamento militar a cidadãos estrangeiros.
Fingindo-se de manifestantes, um grupo de pessoas tentou invadir as instituições governamentais e fazer reféns em todo o país. O coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, disse que se preocupa com os esforços da Rússia em desestabilizar a Moldávia.
Além dos líderes presos da operação de desestabilização, um suposto membro do grupo mercenário russo Wagner também foi impedido de entrar na Moldávia. Na semana passada, 182 estrangeiros tiveram acesso negado ao país e duas pessoas foram expulsas por espionagem.
“Gostaria de chamar a atenção para a possível conexão entre os grupos descobertos pela polícia e o grupo Wagner”, disse o analista Valeriu Pașa, do thinktank moldavo WatchDog. “O objetivo da Rússia é provocar caos e descontentamento. Desta forma, seria mais fácil derrubar o atual governo da Moldávia.”