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Protesto contra brutalidade policial é reprimido a tiros na Nigéria

Forças de segurança usaram munição letal para dispensar cerca de mil manifestantes que se reúnem desde o início do mês

Por Da Redação
Atualizado em 21 out 2020, 12h44 - Publicado em 21 out 2020, 12h16
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  • A polícia da cidade de Lagos usou armas letais para dispersar na terça-feira 20 um dos protestos contra a brutalidade e a violência na Nigéria que acontecem, quase que diariamente, desde o início de outubro. Enquanto as autoridades confirmam uma morte, grupos de direitos humanos e ativistas dizem que ao menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.

    A dispersão dos cerca de mil manifestantes numa praça ocorreu por volta das 19h, quando o toque de recolher imposto pelo chefe de governo de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, entrou em vigor. No Twitter, o governador disse “ter responsabilidade sobre este incidente infeliz” e afirmou que irá trabalhar com o governo federal “para apurar o ocorrido”.

    A ONG Anistia Internacional afirmou que vários manifestantes morreram no ataque, mas que ainda tenta determinar o número exato.

    Sanwo-Olu havia escrito um pouco antes na rede social que “não houve mortes, ao contrário do que dizem as redes sociais”, mas apagou a mensagem pouco depois. Em seguida, confirmou a morte de uma pessoa em um dos hospitais para os quais foram levados cerca de 25 feridos após o tumulto.

    “Chegam informações do hospital de Reddington que confirmam que uma pessoa morreu por um traumatismo na cabeça”, afirmou o governador, antes de destacar que este é um “caso isolado”.

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    Nas redes sociais, os vídeos da dispersão violenta viralizaram. Em alguns deles é possível ver a correria, sons de tiros e pessoas que buscavam atendimento médico após terem sido feridas. Além da tropa de choque da polícia, soldados do Exército também participaram da dispersão violenta.

    A Nigéria, que enfrenta há décadas a insurreição do grupo terrorista Boko Haram no norte de seu território, é acometida por protestos em todo país desde o dia 8 de outubro, quando manifestantes pediram que a Unidade Especial Anti-Roubo (conhecida pela sigla SARs) fosse debandada. O estopim para as manifestações ocorreu após a divulgação de um vídeo em que agentes da SARs retiravam um homem de um hotel e o assassinavam no meio da rua, em seguida abandonando o local e o corpo.

    Desde o início dos protestos, pelo menos dezoito pessoas, incluindo dois policiais, morreram nas manifestações.

    Em resposta aos movimentos de rua, a SARs foi dissolvida pelo governo e seus membros passarão a integrar outras unidades. Para substituir o grupo, o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, anunciou a criação da SWAT, na qual os agentes também irão receber treinamento do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

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    No entanto, o anúncio da dissolução da unidade da polícia, acusada de realizar execuções extrajudiciais, tortura para obter confissões e até mesmo estupro, não foi o suficiente para manifestantes, que continuaram a ir às ruas exigir punições aos agentes que cometeram crimes.

    O governo nigeriano promete há cinco anos investigar os abusos cometidos pela SARS. Até o momento, mesmo com a aprovação em 2017 de uma lei que pune a tortura, nenhum agente foi punido. Em 2018, sob pressão da sociedade civil, o vice-presidente Yemi Osinbajo prometeu uma reforma na SARs, incluindo a criação de um painel que supervisionaria as ações da polícia.

    Segundo um relatório da Anistia Internacional, “apesar das promessas de reforma e de prestação de contas, os policiais da SARs continuaram a submeter pessoas em custódia à tortura e outras formas de tratamento com impunidade total”.

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