A polícia francesa encontrou sete bitucas de cigarro nos andaimes de restauração onde começou o incêndio que devastou parte da Catedral de Notre-Dame, em Paris, no último dia 15, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira 24 pelo jornal Le Canard Enchaîné.
Alguns operários que trabalhavam na restauração da agulha da catedral admitiram aos investigadores que, descumprindo as ordens de segurança, fumavam nos andaimes, acrescentou a publicação.
Apesar disso, os investigadores trabalham mais com a hipótese de que o incêndio começou devido a um curto-circuito, segundo o jornal.
Nesse sentido, foram reveladas diversas irregularidades nas instalações elétricas, especificamente no cabo para alimentar um jogo de sinos que estava na agulha e outro sob a mesma, e que percorria a viga de madeira da catedral.
Esse dispositivo foi autorizado, de forma provisória, em 2012, a pedido dos clérigos de Notre-Dame durante as obras de restauração dos campanários principais, com o objetivo de eletrificar esses sinos para que os originais pudessem ser substituídos.
No entanto, segundo o Le Canard, este nunca foi substituído, continuava sendo utilizado e sobre ele foi instalado o andaime para a restauração da agulha.
Os investigadores determinaram que os sinos da agulha soaram no dia do incêndio às 18h04 local (13h04, em Brasília) para a convocação à missa prevista para essa hora.
Doze minutos mais tarde, houve o primeiro alerta de detecção de fumaça no posto de segurança da catedral e cinco minutos depois soou o primeiro alarme de incêndio.
Nesse momento, foi iniciada a evacuação dos fiéis, mas como os dois oficiais de segurança enviados a verificar as chamas não as encontraram, pensaram que era um falso alerta e pediram que os fiéis ficassem.
Segundo o jornal, os oficiais foram ao local errado para procurar o possível incêndio, uma informação negada pela empresa de segurança privada que administra o monumento.
Por volta das 18h30 (13h30, em Brasília) voltaram a soar os alarmes e, nesse momento, os fiéis foram evacuados e, entre dez e vinte minutos mais tarde, os agentes localizaram o incêndio na base da agulha.
Às 18h51 (13h51, em Brasília) os dois oficiais de segurança alertaram os bombeiros, que chegaram em aproximadamente dez minutos, mas quando o incêndio já tinha tomado grandes proporções.
A instalação anti-incêndios, afirmou o jornal, estava projetada para apagar um incêndio no início, mas com os atrasos registrados na localização do mesmo, se tornou grande demais.
Apenas com a chegada de reforços, equipados com mangueiras mais potentes, foi possível começar a lutar contra as chamas, embora tenha sido tarde para salvar a cobertura de Notre Dame.