A um mês da Cop26, a Conferência do Clima de Glasgow, a Austrália tem enfrentado fortes críticas da comunidade científica por sua postura quanto às mudanças climáticas.
O encontro reunirá líderes de todo o planeta em novembro e tem como objetivo conter o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Na última quinta-feira (9), o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, confirmou que pressionou o Reino Unido a retirar os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa no acordo bilateral de comércio firmado entre os dois países.
Poucos dias depois, um alto funcionário da ONU alertou que a falta de ações da Austrália para reduzir suas emissões poderá causar problemas à sua economia num futuro próximo.
A fala foi rebatida por Keith Pitt, ministro das Finanças australiano, que chamou a ONU de “entidade estrangeira”, para em seguida dizer que ela “deveria cuidar de seus próprios problemas.
Pitt também elogiou os planos da Austrália de manter a mineração de carvão “muito além de 2030”, enquanto grande parte do mundo desenvolvido já começou a eliminar o poluente combustível fóssil.
A Austrália é hoje o maior exportador de carvão mineral do mundo, um produto altamente poluente e que ao ser queimado para a produção de energia elétrica gera emissões de gases do efeito estufa.
O setor emprega ao menos 40.000 australianos e que movimentou, só em 2020, 40 bilhões de dólares. As cifras movimentadas dão a esse segmento forte poder de lobby junto ao governo. O principal destino do produto australiano é a China.
O Reino Unido também foi criticado por aceitar as condições da Austrália no acordo bilateral.
Houve, inclusive, conversas dentro do governo do primeiro-ministro britânico Boris Johnson para que fosse negado à Austrália uma oportunidade de falar num encontro climático realizado em 2020. O que acabou, no fim, não acontecendo.