Os porto-riquenhos votaram neste domingo para que o território seja anexado aos Estados Unidos, como o 51º estado americano. Apesar de a anexação vencer com 97,2% dos votos, o plebiscito sem valor legal foi marcado pela baixa participação do povo e boicotado pela oposição.
Cerca de 2,2 milhões de eleitores foram convocados nesse fim de semana para escolher entre a anexação, a independência ou por manter o status quo. Segundo informações da Comissão Estatal de Eleições (CEE), a anexação ganhou com folga, com 502.605 votos, porém, a participação foi de apenas 23%.
Os resultados eram previsíveis devido ao boicote dos partidos Independentista Porto-riquenho (PIP) e Popular Democrático (PPD), que consideraram a consulta “uma farsa”. Após a divulgação dos números, cerca de 500 pessoas opostas à realização do plebiscito se reuniram em frente à CEE e queimaram bandeiras americanas, cantando “fogo, fogo, os ianques querem fogo”. Convocados por organizações de esquerda, os manifestantes repudiaram o “centenário da imposição da cidadania norte-americana” aos porto-riquenhos e os 118 anos de “dominação colonial”.
Apesar da polêmica, o governador de Porto Rico, Ricardo Rousselló Nevares, anunciou que defenderá perante às autoridades federais e aos fóruns mundiais o resultado do plebiscito. “Recorreremos aos fóruns internacionais para defender a importância de que Porto Rico seja o primeiro estado hispânico dos Estados Unidos”, disse o político, que votou pela anexação.
Relação confusa
Porto Rico é um país independente no Caribe que os Estados Unidos tomaram da Espanha em 1898. Em 1952, Washington conferiu à ilha o status de “Estado livre associado“, o que lhe dá como a cidadania e a liberdade de trânsito, além certa autonomia de governo. Por outro lado, os porto-riquenhos não têm a totalidade dos direitos políticos conferidos a outros cidadãos americanos.
Na atual relação, por exemplo, os porto-riquenhos não podem votar em eleições presidenciais, a menos que residam no continente. O povo da ilha é representado no Congresso por apenas um comissário com voz, mas sem voto, e Washington tem a última palavra em assuntos de seus territórios.
A ilha caribenha atravessa há uma década uma grave crise econômica. Hoje, 46% dos seus 3,5 milhões de habitantes vivem na pobreza e o país está dizimado por uma dívida de mais de 70 bilhões de dólares, que não pode honrar. No mês passado, o território caiu na maior falência de uma entidade americana. Washington passou a supervisionar suas finanças, mas não mostra vontade de resgatar Porto Rico, entre outras razões, porque não é propriamente um estado da União.
(Com AFP)