Presidente da Croácia diz que Crimeia nunca fará parte da Ucrânia
A região foi anexada a Rússia em 2014, depois de um referendo rejeitado pela comunidade internacional
O presidente croata, Zoran Milanovic, declarou nesta segunda-feira, 30, que a Crimeia, península do Mar Negro anexada pela Rússia em 2014, nunca mais vai fazer parte da Ucrânia. Ele também afirmou ser contra o envio de armas letais para o país, explicando a objeção da Croácia de fornecer preciosa ajuda bélica a Kiev.
“Está claro que a Crimeia nunca mais fará parte da Ucrânia”, disse Milanovic, que também é ex-primeiro-ministro e membro do Partido Social Democrata (SDP).
Em dezembro, legisladores croatas rejeitaram juntar-se a outros países da União Europeia para treinar militares ucranianos. Crítico vocal da política ocidental na Ucrânia, Milanovic disse que não quer que seu país, o mais novo estado membro do bloco, enfrente o que ele chamou de consequências potencialmente desastrosas do conflito, que já dura 11 meses.
No entanto, há profundas divisões dentro do governo. O primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenkovic, afirmou em uma entrevista para o canal de notícias France 24 que, em deixando de apoiar a Ucrânia, o país não o “conseguiria estar do lado certo da história”.
+ Adotando o euro, Croácia dá os últimos passos para entrar na UE
Milanovic adotou sua postura anti-União Europeia depois que assumiu o cargo, e alinhou suas políticas com as do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e do líder secessionista sérvio-bósnio Milorad Dodik.
Para ele, o posicionamento dos países sobre a Guerra da Ucrânia “é profundamente imoral porque não há solução” para o conflito. Ele acrescentou que a chegada de tanques alemães na Ucrânia serviria apenas para aproximar a Rússia da China, criticando os países ocidentais por usarem dois pesos e duas medidas na política internacional.
+ UE aprova adoção do euro pela Croácia a partir de 2023
Milanovic usou a independência de Kosovo, em 2008, como exemplo de que a União Europeia tomou uma postura diferente na época. Durante a guerra de independência entre 1998 e 1999, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) bombardeou a então Iugoslávia, a Sérvia e Montenegro, para proteger o país de maioria albanesa.
“Reconhecemos Kosovo contra a vontade de um estado (Sérvia), ao qual Kosovo pertencia”, disse ele. Milanovic alertou que não estava questionando a independência de Kosovo, mas sim o conceito de dois pesos e duas medidas.
Em resposta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu restaurar o domínio ucraniano sobre a Crimeia, que foi tomada e anexada pela Rússia em 2014 em uma medida não reconhecida pela maioria da comunidade internacional. Em um referendo realizado depois que as forças russas tomaram a península, com suspeitíssimos 99% de votos a favor, Moscou justificou a atitude dizendo que a população da Crimeia queria fazer parte do país.