O presidente do Equador, Lenín Moreno, ordenou neste sábado, 12, o uso de forças armadas nas ruas em meio aos protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis. Durante o décimo dia de protestos, manifestantes atearam fogo a um prédio público e atacaram veículos de comunicação. Além de colocar o exército na rua, o governo também impôs toque de recolher na capital, Quito.
“O toque de recolher facilitará a atuação da força pública frente aos intoleráveis desmandos da violência”, escreveu Moreno, no Twitter. O toque de recolher foi convocado a partir das 15h (17h no horário de Brasília).
Moradores de Calderón, povoado próximo da capital, capturaram e desarmaram dezenas de policiais e militares e os levaram vestiários do estádio local. O governo negocia a liberação deles.
O jornal El Comercio e o canal privado Teleamazonas foram alvo dos manifestantes, que bloquearam também vias próximas ao aeroporto de Quito. As cenas de bloqueios com plantas, paus e montes de pedras se generalizaram e aumentaram, à medida que a violência também subia.
Moreno acusou grupos de narcotraficantes e seguidores do ex-presidente Rafael Correa de estarem por trás dos atos violentos. O presidente acompanha a situação da cidade portuária de Guayaquil, aonde transferiu a sede de governo após decretar o estado de exceção nacional em 3 de outubro e mobilizar as Forças Armadas em uma tentativa de conter o descontentamento social.
Desde então, morreram seis civis e foram registrados 2.100 feridos e detidos, segundo a Defensoria do Povo. Os protestos também mantêm interrompido o trasporte de petróleo – a maior fonte de divisas – pelo principal oleoduto do país por causa da ocupação de poços na Amazônia.
Tentativa de conversa
“Vamos restabelecer a ordem em todo o Equador”, prometeu Moreno após agradecer a decisão dos povos originários de se sentar para dialogar frente à frente, embora não tenha revelado nem quando, nem onde começarão as conversas.
A Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), que a princípio tinha refutado a oferta, informou ter decidido finalmente “participar” de um encontro com o presidente depois de “um processo de consulta com as comunidades”.
No poder desde 2017, o governante enfrenta sua maior crise devido às reforças que acordou com o FMI para aliviar o pesado déficit fiscal que atribui aos gastos excessivos, o endividamento e a corrupção do governo de seu antecessor e ex-aliado Rafael Correa.
Além do fim dos subsídios, as medidas preveem cortar direitos de funcionários públicos.
Os indígenas, que representam 25% dos 17,3 milhões de equatorianos, são o setor mais castigado pela pobreza e em sua maioria trabalham no campo.
Com a liberação dos preços dos combustíveis, precisam pagar mais para transportar seus produtos, ao mesmo tempo em que temem uma inflação generalizada.
(Com Estadão Conteúdo e AFP)