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Presidente israelense se confronta com Netanyahu sobre ‘Estado judaico’

Em campanha pela reeleição, primeiro-ministro disse que país 'é do povo judeu'; em 2018, aprovou lei para retirar direitos da minoria árabe

Por Da Redação
Atualizado em 11 mar 2019, 17h31 - Publicado em 11 mar 2019, 16h53
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  • O presidente de Israel, Reuven Rivlin, rejeitou nesta segunda-feira, 11, as declarações do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de que o país “não é um Estado de todos os seus cidadãos”, em uma alusão clara à exclusão da minoria israelita árabe.  

    Menos de um mês antes das eleições de 9 de abril, em que disputa a reeleição, Netanyahu escreveu em sua conta no Facebook que “Israel é um Estado do povo judeu – e apenas dele.” O primeiro-ministro conta com o apoio de partidos e do eleitorado de extrema-direita, simpáticos às suas posições conservadoras.

    Em sua resposta, Rivlin criticou os “inaceitáveis comentários recentes sobre os cidadãos árabes de Israel”. O presidente teve o cuidado de não mencionar diretamente o primeiro-ministro, que é seu desafeto político de longa data.

    “Não existem cidadãos de primeira-classe e não existem eleitores de segunda-classe. Somos todos iguais nas urnas. Somos todos representados no Knesset (parlamento israelense)”, disse Rivlin, que ocupa um cargo simbólico, sem poderes diretos.

    As declarações de Netanyahu endossam a Lei do Estado Nação, aprovada no ano passado, que resguarda alguns direitos de cidadania apenas aos judeus e exclui o árabe como idioma oficial de Israel. Críticos do projeto disseram que ele se assemelha a um “apartheid” para os cerca de 1,8 milhão de cidadãos árabes do país, que correspondem a um quinto da população total.

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    Eles são, em sua maioria, palestinos e seus descendentes que permaneceram no território mesmo depois da guerra de formação do estado israelense, em 1948. O líder da coalizão Árabe Israelense, Ayman Odeh, disse à época que o Parlamento havia aprovado uma “lei de supremacia judaica e nos disse que seremos sempre cidadãos de segunda-classe.”

    Em ocasiões anteriores, Netanyahu foi acusado de demonizar a minoria árabe para fortalecer seu apoio junto à direita israelense. Em 2015, no dia das eleições parlamentares, em um último esforço para angariar votos, ele disse que os eleitores árabes iriam às urnas “em manadas.”

    No domingo 10, durante seus comentários, o primeiro-ministro afirmou que “não tem problemas com os cidadãos árabes de Israel. Eles tem direitos iguais aos nossos e o governo Likud (uma referência ao partido do governo) investiu mais no setor árabe que qualquer outro.”

    A postagem de Netanyahu foi uma resposta à atriz israelense Rotem Sala, que havia questionado em seu Instagram a segregação de cidadãos que, segundo ela, foram criados “da mesma maneira” que os judeus.

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    “Quando alguém do governo irá informar ao público que Israel é um Estado de todos os seus cidadãos e que todo o seu povo foi criado igualmente?”, escreveu Sala. Ela criticou diretamente a ministra de Cultura do governo, Miri Regev, por alertar em uma entrevista sobre os supostos perigos de uma possível aliança entre a coalizão centrista Azul e Branco, empatada nas pesquisas com o Likud de Netanyahu, com partidos árabes.

    O atual líder de Israel já atacou o que tachou como a ameaça de um “governo de esquerda”. Além disso, advertiu que uma parceria de seus opositores com a minoria árabe “solaparia a segurança do Estado e dos cidadãos”.

    Ainda no domingo 10, a atriz israelense Gal Gadot, estrela do filme Mulher-Maravilha, também veio à público elogiar sua colega. “Ame o próximo como a si mesmo”, postou Gadot. “Essa não é uma questão sobre esquerda ou direita. Judeu ou Árabe. Secular ou religioso. É uma questão de diálogo, de diálogo pela paz e segurança e da nossa tolerância uns com os outros. Rotem, irmã, você é uma inspiração para todos nós”, concluiu a atriz.

    (Com EFE)

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