O dia 31 de agosto, nesta quarta-feira, marca o 25º aniversário da morte de Diana, princesa de Gales. Aos 36 anos, ela, junto ao namorado Dodi Fayed e o motorista Henri Paul, morreram em um acidente de caro em um túnel perto do rio Sena, depois de atravessar Paris em alta velocidade tentando evitar paparazzi. Sua morte desencadeou uma onda de tristeza internacional, e seu funeral, na Abadia de Westminster, atraiu uma audiência de 2,5 bilhões de pessoas na TV.
Diana tinha apenas 20 anos quando se casou com o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, em 1981. Ao longo de sua vida, Diana foi uma mãe dedicada a seus filhos, William e Harry, e uma defensora dos direitos das crianças, causas relacionadas à AIDS e vítimas de minas terrestres. Seu casamento terminou depois de 15 anos, em um divórcio amargo, com acusações de infidelidade por ambos. Após o divórcio, Diana se afastou da família real.
No entanto, ela foi crucial para transformar a imagem da família real britânica. Aclamada como a “princesa do povo”, Diana é conhecida por ter modernizado a monarquia.
Durante séculos, a monarquia britânica foi conhecida por sua formalidade e rigidez. Os membros da família se comportam de forma estoica durante eventos públicos, mostrando a afinidade da instituição com uma atitude fria, de afastamento. Mas Diana quebrou o protocolo real um número incontável de vezes vezes.
Ela omitiu a palavra “obedecer” de seus votos de casamento com o príncipe Charles, escolheu uma educação real fora dos muros do palácio para seus filhos, envolveu-se com o ativismo de HIV/AIDS em uma época em que muitos acreditavam falsamente que o vírus poderia ser transferido através do toque, escolheu peças mais modernas e casuais para seus looks de moda, e até correu descalça em um evento escolar quando o príncipe Harry tinha 5 anos.
Para Arianne Chernock, especialista em monarquia da Universidade de Boston, o legado de Diana e o fascínio contínuo por sua vida têm tudo a ver com sua personalidade única.
“Ela era uma jovem que vivia sua vida e crescia aos olhos do público. Uma mãe preocupada, uma fashionista. Havia tantos aspectos nela que alimentavam um frenesi da mídia, uma curiosidade sobre ela. Ela ficava muito orgulhosa de admitir seus erros e revelar a bagunça de sua vida de uma maneira bem distinta de alguns dos outros membros da realeza, que tendem a ser muito mais roteirizados”, afirmou em entrevista ao portal de notícias da Universidade de Boston, BU Today.
Desafiando as regras com seu espírito rebelde, não só ascendeu ao estrelato internacional como filantropa e ícone da moda, mas também tornou a instituição da monarquia mais acessível e amigável. Isso influenciou, inclusive, a maneira como a realeza como Catherine, a Duquesa de Cambridge, e Meghan, a Duquesa de Sussex, interagem com o público e a imprensa hoje.
+ Harry e Meghan: A monarquia cai na real
Para Emma Hart, professora da Escola de Artes e Ciências da Universidade da Pensilvânia, esse estrelato é essencial para a sobrevivência da monarquia. Como a família real britânica tornou-se relativamente impotente na política britânica há muito tempo, precisou encontrar utilidade de outras formas.
“Ser popular com o público, além de ser um ‘ícone’, é uma boa maneira de conseguir isso”, disse Hart, em entrevista ao Penn Today, portal de notícias da universidade. “Embora seja verdade que outras monarquias europeias também se tornaram mais sujeitas à opinião pública a partir do final dos anos 1700, nenhuma teve que se preocupar tanto quanto a família real britânica com sua imagem popular desde um estágio tão inicial”, completou.
+ Novo escândalo atinge Palácio de Buckingham, que tenta recuperar brilho
Além de criar uma espécie de senso de estabilidade no Reino Unido, devido ao caráter de hereditariedade, a família real também é uma grande atração turística. A Casa de Windsor traz aproximadamente US$ 2,7 bilhões por ano para a economia britânica.
Um quarto de século após sua morte, Diana segue tão importante na cultura popular quanto durante sua vida. Apenas no ano passado, ela foi o tema de um filme indicado ao Oscar (Spencer, estrelando Kristen Stewart como Diana), um musical da Broadway (Diana), uma minissérie de TV (a quarta temporada de The Crown) e, mais recentemente, um documentário da HBO, The Princess.
Grande parte do público jovem que consome esses conteúdos – millennials que ainda eram crianças quando Diana morreu, ou a Geração Z, nascida após 1997 – conseguiu, também, ver a vida dela se desenrolando através de William, Harry e suas esposas. Ambos os príncipes tornaram Diana tão central em suas histórias, como símbolo ou em termos de projetos e atitudes em relação à mídia, que é difícil não pensar na princesa de Gales.
Os mais novos também tiram da figura inspiração no ativismo e na moda. Os feeds do Instagram, Twitter e TikTok descrevem Diana como uma espécie de ícone feminista, um símbolo de rebeldia e franqueza que ganha, gradualmente, um status mítico. Enquanto isso, meninas e mulheres ao redor do globo – embora sigam fascinadas por roupas icônicas, como seu famoso “vestido de vingança” pós-divórcio, ou o vestido de veludo azul que ela usou na Casa Branca em 1985 – copiam seus looks esportivos e descontraídos dos anos 80 e 90, com os quais costumava ir à academia ou jogos de polo.
Mas analistas avaliam que essa fixação não é uma reversão das injustiças que lhe foram feitas. “Uma das imagens finais do documentário é de um jovem príncipe Harry no funeral de sua mãe; a dor em seus olhos é comovente”, diz uma resenha do New York Times sobre o documentário da HBO The Princess. “Mas indiretamente nos lembra que a vida e a morte de Diana não ensinaram ao mundo exatamente nada.”