O príncipe Charles não irá mais aceitar grandes doações em dinheiro para suas instituições de caridade, disse uma fonte da Família Real, nesta quarta-feira, 29. O anúncio acontece depois que o filho da rainha Elizabeth II foi alvo de uma enxurrada de críticas por alegações de ter recebido três milhões de euros de um bilionário do Catar.
De acordo com o jornal britânico Sunday Times, o príncipe Charles aceitou pessoalmente três doações do xeque Hamad bin Jassim bin Jaber al-Thani, primeiro-ministro do Catar entre 2007 e 2013, que foram repassadas ao Fundo de Caridade do Príncipe de Gales. De acordo com o Palácio, os repasses foram feitos entre 2011 e 2015 e todos os processos corretos foram seguidos.
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A Comissão de Caridade anunciou que está verificando os relatórios para averiguar se há ou não necessidade de uma investigação. Embora não haja sinais de ilegalidade ou que o príncipe tenha oferecido algo em troca do dinheiro, críticos apontam que as alegações representam um mau julgamento por parte do herdeiro do trono. O grupo de campanha República, que defende a substituição da monarquia do Reino Unido por uma república, exigiu divulgação total sobre o assunto e descreveu os eventos como “chocantes”.
A polícia metropolitana já está investigando um caso parecido envolvendo outra fundação do Príncipe Charles. Segundo as acusações, o instituto recebeu enormes quantias de dinheiro de um milionário saudita em troca da obtenção de um título de cavaleiro e cidadania britânica.
O ex-ministro liberal democrata, Norman Baker, pediu que os investigadores levem em consideração o recebimento direto por parte de Charles, que contradiz informações divulgadas anteriormente pelo Palácio de que o príncipe não se envolveu diretamente na arrecadação de fundos para a caridade.
“O dinheiro foi repassado imediatamente para suas instituições de caridade e foram elas que decidiram aceitar o dinheiro. Isso é uma decisão para eles. E assim o fizeram e, como confirmaram, seguiram todos os processos corretos. Os auditores analisaram”, disse uma fonte real ao jornal britânico The Guardian.
Em comunicado, a Comissão de Caridade disse “estar ciente dos relatórios sobre doações recebidas pela Fundação de Caridade do Príncipe de Gales” e que “serão analisadas as informações para determinar se há algum papel para a comissão neste assunto”.
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Uma reportagem do jornal Sunday Times informou no último domingo, 26, que o príncipe Charles recebeu uma mala contendo 1 milhão de euros (R$ 5,54 milhões) de Hamad bin Jassim, ex-primeiro-ministro do Catar. Segundo o diário britânico, o herdeiro do trono do Reino Unido teria recebido pessoalmente outras duas doações do ex-premiê, totalizando a quantia de 3 milhões de euros (R$ 16,6 milhões) em espécie.
A assessoria do príncipe alegou que o montante foi repassado para instituições de caridade e que não existem irregularidades no processo dessas doações.
De acordo com o Sunday Times, as transações entre o político catariano e o monarca ocorreram entre 2011 e 2015. Em uma das ocasiões, o dinheiro foi entregue dentro de uma sacola durante uma reunião privada na Clarence House. Em 2015, o príncipe Charles aceitou uma mala contendo 1 milhão de euros do xeque.