O secretário de Justiça dos Estados Unidos, William Barr, acusou nesta quinta-feira, 13, Donald Trump de dificultar seu desempenho à frente do Departamento de Justiça, dizendo que os tuítes do presidente americano estavam tornando “impossível” o seu trabalho.
“Tenho problema com alguns dos tuítes”, disse Barr em entrevista à emissora ABC News, acrescentando: “Não consigo fazer o meu trabalho aqui no Departamento com constantes comentários que me enfraquecem”. “Acredito que seja a hora de deixar de tuitar sobre casos do Departamento de Justiça”, finalizou.
No próximo mês, Barr deve testemunhar diante do Congresso sobre a decisão, supostamente sob pressão de Trump, de rejeitar o que foi resolvido por seus próprios promotores e buscar uma sentença de prisão mais leve para o veterano consultor político republicano Roger Stone, que foi condenado por mentir em depoimento ao Congresso e manipular testemunhas.
Quatro promotores do departamento pediram demissão na última terça-feira em aparente protesto por interferência política. Trump nega que seus tuítes sobre o caso Stone, nos quais critica a sentença original de 87 a 108 meses de prisão dada a Stone e elogia Barr depois que a sentença foi reduzida pela metade, pressuponham interferência política.
Questionado sobre ter falado com Trump sobre o caso Stone, Barr respondeu: “Nunca”. “Estou feliz em dizer que, de fato, o presidente nunca me pediu nada sobre nenhum caso penal”, ressaltou.
Quanto a se estava preparado para a repercussão que terá caso fale algo contra o presidente, Barr respondeu: “Com certeza”. “Não serei intimidado ou influenciado por ninguém”, disse, “seja pelo Congresso, pelos jornais ou pelo presidente, vou fazer tudo que considero ser o certo”.
Stone, amigo de longa data, ex-assessor e conselheiro de campanha de Trump, pode pegar de sete a nove anos de prisão após ser condenado em novembro passado por mentir no Congresso sobre a investigação de interferência russa nas eleições de 2016 nos Estados Unidos.
Stone tem 67 anos e conhecerá sua sentença em 20 de fevereiro. Ele foi condenado por mentir ao Congresso sobre seus contatos com a organização WikiLeaks sobre o vazamento de e-mails democratas durante a última eleição presidencial.
(Com AFP)