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Proposta de reforma tributária causou onda de violência nas ruas Colômbia

Entenda como projeto de aumento de impostos levou a protestos no país que já deixou 19 mortos e fez a ONU a denunciar uso excessivo de força

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 Maio 2021, 10h19 - Publicado em 5 Maio 2021, 10h00

A onde de protestos que atinge a Colômbia há cerca de uma semana já deixou pelo menos 19 mortos e 800 feridos. Os choques são inéditos na história recente colombiana por sua abrangência e duração. Diante da violência crescente, o Escritório de Direitos Humanos da ONU denunciou que as forças de segurança “uso excessivo da força” e pediu calma diante da convocação de novas manifestações para esta quarta-feira, 5.

Os protestos começaram após o anúncio de uma proposta de reforma tributária pelo governo em 28 de abril. O projeto previa aumento de impostos sobre a renda e sobre produtos básicos. Também incluía a cobrança de 19% de IVA sobre serviços públicos, o que seria particularmente prejudicial para as classes média e baixa do país.

O presidente Iván Duque defendia a necessidade desse incremento como forma de sustentar os programas sociais implementados durante a pandemia de Covid-19.

Mas o projeto recebeu críticas da oposição e também de aliados Duque, e o descontentamento logo se espalhou entre a população. Sindicatos, estudantes, indígenas, oposição e outras organizações da sociedade civil tomaram as ruas das principais cidades do país. O governo ordenou o envio de militares para algumas regiões.

No domingo 2, após quatro dias consecutivos de manifestações, o presidente pediu ao Congresso que o Congresso retirasse a reforma tributária da pauta de votações, para que fosse revisada. O ministro colombiano da Fazenda, Alberto Carrasquilla, renunciou na segunda-feira 3. Mesmo assim, os atos continuaram, principalmente em protesto pela violência da polícia.

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Violência e mortes

Protestos em Bogotá, na Colômbia - 05/05/2021
Protestos em Bogotá, na Colômbia – 05/05/2021 (Vannessa Jimenez G/NurPhoto/Getty Images)

Não há consenso sobre o número de mortes. Segundo balanço da Defensoria do Povo, 18 civis e um policial morreram desde o início das manifestações. A Procuradoria do país disse que investiga 14 mortes violentas. Um grupo local de direitos humanos afirmou que são mais de 20 mortes.

O Ministério da Defesa divulgou que houve 846 feridos, entre eles 306 civis. Nos seis dias de protestos, a polícia prendeu 431 pessoas.

Os casos mais graves de violência aconteceram em Cali, a terceira cidade mais populosa do país e um epicentro do tráfico de drogas e de armas. Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, as forças de segurança locais “utilizaram munições reais, espancaram manifestantes e efetuaram detenções no contexto de uma situação tensa e volátil em que alguns participantes dos protestos também foram violentos”.

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Moradores da cidade relataram terem sido atacados por policiais encapuzados e militares disparando armas semiautomáticas e rifles. Há temores que grupos de civis armados que buscam apoiar as forças de segurança tomem as ruas.

Embora a maioria das mortes tenha ocorrido em Cali, o escritório da ONU também recebeu relatos de óbitos em Yumbo, outra cidade do departamento de Valle del Cauca, assim como em outras partes do país como Ibagué, Tolima, Pereira, Risaralda, Soacha e Cundinamarca.

Mais protestos foram convocados em diversas cidades do país para esta quarta, e a organização internacional pediu calma. “Os agentes de segurança pública devem cumprir os princípios da legalidade, precaução, necessidade e proporcionalidade ao controlar as manifestações, e as armas de fogo devem ser utilizadas apenas como último recurso contra uma ameaça iminente à vida ou risco de ferimento grave”, frisou a porta-voz da instituição.

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