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Protestos contra alta de impostos se tornam violentos na Tunísia

Tropas do Exército tentam conter manifestações, que ocorrem em várias cidades do país; prédios públicos foram depredados e lojas, saqueadas

Por Diana Lott Atualizado em 11 jan 2018, 12h03 - Publicado em 10 jan 2018, 16h16

Mais de 200 pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas em tumultos ocorridos na noite de terça para quarta na Tunísia. Inicialmente esporádicos e pacíficos, os protestos contra o aumento de impostos e as medidas de austeridade adotadas pelo governo ganharam força após a morte de um manifestante de 45 anos.

Os tumultos ocorreram em várias cidades do país, que registraram depredação de prédios públicos e pilhagem de lojas e mercados. Segundo o Ministério da Defesa, tropas do Exército foram mobilizadas próximas a bancos, agências de correios e outros prédios públicos para evitar que fossem visados por manifestantes.

O porta-voz do Ministério do Interior, Khlifa Chibani, informou que 49 dos feridos são policiais que trabalhavam para conter os tumultos. Ele acusou os manifestantes violentos de terem agido mediante pagamento de agitadores políticos contrários ao governo.

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Para o cientista político Selim Kharrat, os protestos se inserem em um contexto de insatisfação após a redemocratização do país, em 2011. “Houve atos de pilhagem e de roubo, mas houve também uma mensagem política de parte da população que não tem mais nada a perder e que se sente ignorada” afirmou. Ele considera que o governo tunisiano, que “não tem nenhuma margem financeira, assumiu até agora uma posição firmemente contrária aos manifestantes”.

Os partidários da campanha “Fech Nestannew” (“O que estamos esperando?”), lançada no início do ano como forma de protesto contra o aumento dos preços no país, convocou novas manifestações para a sexta-feira. Eles pedem uma revisão da lei orçamentária que entrou em vigor em 1o de janeiro e aumentou os impostos existentes, além de criar outros. O movimento também defende uma melhor assistência social para as famílias que passam por dificuldades financeiras e um combate efetivo à corrupção.

Em Sidi Bouzid, jovens bloquearam estradas, jogaram pedras e a polícia respondeu lançando bombas de gás lacrimogêneo. O confronto se estendeu por boa parte da noite, informou um correspondente da agência AFP.

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A cidade ficou conhecida como palco da autoimolação, em dezembro de 2010, do vendedor de frutas tunisiano Mohamed Bouazizi. Seu gesto desencadeou uma onda de manifestações de rua e acabou por derrubar o ditador do país, Zine El Abidine Ben Ali, no poder havia 23 anos. Os protestos repercutiram em outros países da região e deram início à Primavera Árabe.

O mês de janeiro é tradicionalmente marcado por mobilizações sociais desde 2010. Neste ano, as tensões aumentaram com a aproximação das primeiras eleições municipais desde a redemocratização, previstas para maio.

(Com AFP)

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