Protestos em Paris contra o governo terminam com prisões e violência
Manifestantes criticam governo de Emmanuel Macron e o aumento do preço dos combustíveis
Não terminou bem o protesto previsto para ser pacífico em Paris, neste sábado, contra o aumento de combustíveis e com críticas ao governo de Emmanuel Macron. Os manifestantes, chamados de coletes amarelos, entraram em confronto com a força policial, montando barricadas e queimando mobiliário, enquanto as autoridades lançaram contra eles gás lacrimogêneo e jatos d’água.
Cerca de 3.000 policiais foram mobilizados na capital francesa contra os manifestantes, que, na última semana, protestaram bloqueando estradas e centros comerciais. O protesto começou na manhã deste sábado, na luxuosa avenida Champs-Élysées, um dos cartões postais da cidade, com cerca de 5.000 pessoas. A polícia bloqueou a passagem, com o intuito de impedi-los de chegar à Praça da Concórdia, perto do Museu do Louvre e do Palácio do Eliseu.
Estima-se que 81.000 pessoas se manifestaram ao redor de toda a França pelos mesmos motivos neste sábado. Há uma semana, quando começou o movimento, foram registrados 244.000 manifestantes. Em todo o país, a polícia prendeu 35 pessoas, e oito ficaram feridas.
Distúrbio em Paris
Na Champs-Élysées, segundo as forças de segurança, os manifestantes tentaram romper o cordão policial várias vezes, mas foram impedidos com gás lacrimogêneo.
“É uma manifestação que reúne pessoas de todos os tipos e idades”, assinalou Marie Claire, 63. “Não quebramos nada. Acredito que pessoas que não fazem parte dos coletes amarelos se infiltraram”, sugeriu.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, responsabilizou pela violência “rebeldes da extrema direita que atenderam ao chamado de Marine Le Pen (líder do partido União Nacional) para se mobilizarem em Paris.
Marine desmentiu a acusação, afirmando que nunca convocou à violência, e disse que o governo tenta torná-la bode expiatório.
Várias ações pacíficas, como manifestações e bloqueios de estradas e áreas comerciais, são realizadas em quase toda a França, dentro da mobilização contra o aumento do preço dos combustíveis e dos impostos e a queda do poder aquisitivo, uma semana após o início deste movimento.
Muitos coletes amarelos optaram por permanecer em suas regiões, por medo de confrontos na capital.
Poder adquisitivo
Preço elevado da gasolina, impostos excessivos, pensões e aposentadorias insuficientes: as reivindicações do movimento convergem para a perda de poder aquisitivo.
Os coletes amarelos representam um desafio para Macron, que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para “transformar” a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isto para “manter o rumo em favor da transição ecológica”.
De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes, para evitar o risco de uma “fratura” social.
A convocação do “segundo ato” da mobilização foi feita nas redes sociais, principal plataforma de comunicação dos manifestantes.