Protestos no Irã contra repressão às mulheres já deixam ao menos 7 mortos
Manifestações que varrem o país pelo quinto dia consecutivo foram desencadeadas após morte de jovem presa em Teerã por 'trajes inadequados'
Autoridades do Irã disseram que o número de mortos em protestos que varrem o país subiu para sete após três pessoas, incluindo um membro das forças de segurança, falecerem na terça-feira, 20. As manifestações eclodiram no sábado, 17, em reação à prisão da jovem de 22 anos Mahsa Amini por não usar o hijab, véu que cobre a cabeça de mulheres muçulmanas.
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O grupo de direitos humanos local Hengaw disse que ao menos 450 pessoas ficaram feridas, além dos sete manifestantes curdos que morreram como resultado de “fogo direto” das forças do governo nos últimos quatro dias. Autoridades negaram as alegações.
O grupo de ativistas também afirmou que o acesso à internet foi cortado na província do Curdistão – uma medida que impediria o compartilhamento de vídeos de uma região onde as autoridades já reprimiram a agitação da minoria curda.
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O chefe de polícia do Curdistão, em comentários à agência de notícias local Tasnim, confirmou quatro mortes no início desta semana na província. Ele disse que as vítimas foram baleadas com tipo de munição não usada pelas forças de segurança, dizendo que “gangues” queriam culpar a polícia e as autoridades pelas mortes.
A agitação começou após o funeral de Amini no sábado, e desde então, protestos tomaram conta de grande parte do país, provocando confrontos de civis com as forças de segurança.
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Na noite de terça-feira, 20, mulheres queimaram seus véus, com algumas cortando o cabelo em público, na cidade iraniana de Kerman, onde as mulheres são obrigadas a usar hijabs.
Apesar do líder supremo iraniao, o aiatolá Ali Khamenei, não ter se pronunciado sobre os protestos, seu assessor prestou condolências à família de Amini nesta semana, prometendo acompanhar o caso e dizendo que o líder supremo está consternado com sua morte.
Amini entrou em coma e morreu enquanto esperava com outras mulheres detidas pela polícia de moralidade, que impõe regras rígidas na República Islâmica exigindo que as mulheres cubram os cabelos e usem roupas folgadas em público.
Seu pai disse que ela não tinha problemas de saúde e que ela sofreu contusões nas pernas sob custódia. Ele responsabiliza a polícia pela morte dela. As forças policiais negam.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu uma investigação imparcial sobre sua morte e alegações de tortura e maus-tratos.
Há um mês, o país decidiu implementar novas punições para coibir violações do código de vestuário. O governo do Irã anunciou planos de utilizar a tecnologia de reconhecimento facial para identificar e punir mulheres que não usam o véu no transporte público.