Putin diz que países à favor de Juan Guaidó são “loucos”
Presidente russo disse que líder da oposição é uma pessoa 'agradável', mas alertou sobre os riscos de sua autoproclamação, exaltando as regras eleitorais
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chamou de “loucos” os países que apoiam o líder do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino desde o dia 23 de janeiro.
“(Guaidó) é uma pessoa agradável. Minha atitude com ele é normal, absolutamente neutra”, disse Putin em entrevista com os responsáveis das principais agências de notícias internacionais, nesta quinta-feira, 6.
“Mas, se introduzirmos esta prática, este modo de chegar ao poder – a pessoa para em uma praça, olha para ao céu e diante de Deus se proclama chefe do Estado – isto é normal?”, perguntou o governante russo, antes de responder que com esse procedimento haveria “caos no mundo todo”.
“Elejamos então o presidente dos Estados Unidos. Seja de onde for. Ou elejamos o primeiro-ministro britânico”, sugeriu Putin, entre risos. “Ou o presidente da França. O que aconteceria? Eu gostaria de perguntar aos que apoiam isto. Vocês ficaram loucos? Entendem no que isto pode resultar? Tem que haver certas regras, ou não?”, questionou o líder.
O Brasil é um dos 50 países que legitima Guaidó como chefe de Estado da Venezuela e foi um dos primeiros a apoiar a oposição ao regime de Nicolás Maduro. O presidente Jair Bolsonaro chegou, inclusive, a receber o autoproclamado presidente interino em Brasília, em fevereiro deste ano. Putin criticou este tipo de intervenção, considerada por ele uma irresponsabilidade dos governos estrangeiros.
“É preciso dar a possibilidade a todas as forças políticas do país. Qual deve ser o papel da comunidade internacional? Criar condições para o diálogo, impulsionar o diálogo, facilitar o diálogo. Mas as decisões devem ser tomadas dentro do país”, acrescentou.
O presidente russo reiterou que a crise na Venezuela “deve ser resolvida pelo povo venezuelano” e que este também deve “decidir mediante o diálogo, consultas e a interação entre as diversas forças políticas se Maduro deve permanecer no poder ou deixá-lo”.
“Pelo que sei, é o que propõe o presidente Maduro”, defendeu Putin.
(com EFE)