O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu nesta quinta-feira, 27, que todas as partes envolvidas na crise em Belarus negociem para superá-la, embora também tenha alertado que está disposto a ajudar o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, com forças policiais.
Lukashenko “me pediu para constituir uma reserva de agentes das forças de segurança, e eu o atendi”, declarou Putin, acrescentando que espera não recorrer a ela. Ele exortou “todos os participantes deste processo” a “buscarem uma saída” para a crise.
No poder desde 1994, o presidente bielorrusso enfrenta um movimento de protestos sem precedentes provocado por sua polêmica reeleição em 9 de agosto. Manifestantes consideram a votação fraudulenta e acreditam na vitória da opositora Svetlana Tikhanovskaya, em autoexílio na Lituânia.
“Concordamos que ele [Lukashenko] não usará [as forças de segurança russas] até que a situação esteja fora de controle e que os elementos extremistas ultrapassem certas barreiras”, acrescentou o presidente russo.
Ele citou, como exemplo de limites a não serem ultrapassados, incendiar veículos e ocupar prédios públicos. Putin também afirmou que a Rússia intervirá somente se necessário, e dentro da estrutura dos acordos militares e de segurança existentes.
Há dois mecanismos que Putin pode usar para legitimar uma intervenção, afirmou o portal de notícias russo Meduza em artigo de domingo 16: o Tratado do Estado de União e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).
O Estado de União é uma organização internacional que envolve apenas Rússia e Belarus. O tratado que a estabeleceu demanda a cooperação de ambos os países em assuntos de segurança nacional e de preservação das estruturas democráticas.
Nesse sentido, a Rússia poderia intervir em Belarus tendo-se em conta que o Kremlin reconheceu a última reeleição de Lukashenko.
Já a OTSC é uma aliança militar que abrange seis países oriundos da dissolução da União Soviética, entre eles Rússia e Belarus. Qualquer membro da aliança tem o direito de providenciar “toda a assistência, incluindo militar” a outro membro em caso de agressão externa — Lukashenko tem acusado “agentes externos” de promover os protestos.
O diretor-executivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, respondendo a Putin, pediu que a Rússia não interfira na crise política bielorrussa.
“Ninguém, tampouco a Rússia, deve se intrometer. Belarus é um Estado soberano e independente”, ressaltou Stoltenberg ao jornal alemão Bild.
(Com AFP)